Publicado em: 03/12/2024 às 10:00hs
O Rabobank divulgou seu relatório mensal sobre o mercado do café, elaborado pelo analista Guilherme Morya. Segundo o estudo, o Brasil registrou em outubro um recorde histórico ao exportar 4,9 milhões de sacas de 60 quilos, o maior volume já registrado para o período. Esse desempenho representa um crescimento de 8,1% em relação a setembro e de 11,6% na comparação anual.
No acumulado de 2024, o país exportou 41,5 milhões de sacas, 35,1% a mais do que no mesmo intervalo do ano anterior. Contudo, gargalos logísticos seguem limitando o potencial exportador. Até setembro, cerca de 2,1 milhões de sacas deixaram de ser embarcadas, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
As exportações de café canéfora (robusta) tiveram crescimento expressivo em 2024, totalizando 7,9 milhões de sacas, uma alta de 140% em relação ao ano passado. Paralelamente, a relação de troca entre café verde e fertilizantes atingiu, em novembro, o menor patamar dos últimos 13 anos. Atualmente, são necessárias 1,3 sacas de café para adquirir 1 tonelada de fertilizante (blend 20-05-20), valor 47% inferior ao de 2023.
Essa queda foi impulsionada pela valorização dos preços do café nas últimas semanas, combinada com a retração nos preços dos fertilizantes devido à menor demanda. Contudo, as tensões geopolíticas envolvendo Ucrânia e Rússia continuam representando um risco potencial para uma nova alta nos preços dos insumos agrícolas.
Após pressões negativas em outubro, os preços internos do café apresentaram forte recuperação em novembro. A desvalorização do real, aliada ao aumento na demanda, elevou os preços médios do café arábica em 11%, superando R$ 1.900 por saca. O robusta também teve alta de 7%.
Apesar de uma florada excepcional em grande parte das regiões produtoras de arábica, a incerteza quanto à fixação dessa florada preocupa os produtores. A seca prolongada e as altas temperaturas que atingiram as plantações até setembro já impactaram o potencial produtivo para a safra 2025/26. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta estoques de passagem de apenas 1,2 milhão de sacas para 2024/25, aumentando as incertezas.
As chuvas retornaram em outubro e persistiram em novembro, beneficiando as regiões produtoras de arábica. No entanto, a continuidade do regime de chuvas nos próximos meses será essencial para o desenvolvimento dos frutos e a consolidação da safra.
No cenário atual, com incertezas climáticas e geopolíticas, além de potenciais medidas tarifárias nos Estados Unidos e a entrada em vigor do regulamento europeu EUDR, espera-se alta volatilidade nos preços no curto prazo. Muitos produtores, cautelosos, têm optado por comercializar apenas volumes necessários, limitando a oferta no mercado doméstico.
Esse contexto reforça o desafio de equilibrar oferta, demanda e planejamento agrícola diante de variáveis imprevisíveis que moldam o mercado global do café.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias