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Exportações recordes e valorização do café marcam novembro, aponta Rabobank

Relatório destaca aumento nas exportações, queda histórica na relação de troca e incertezas para a próxima safra


Publicado em: 03/12/2024 às 10:00hs

Exportações recordes e valorização do café marcam novembro, aponta Rabobank
Foto: Diego Vargas

O Rabobank divulgou seu relatório mensal sobre o mercado do café, elaborado pelo analista Guilherme Morya. Segundo o estudo, o Brasil registrou em outubro um recorde histórico ao exportar 4,9 milhões de sacas de 60 quilos, o maior volume já registrado para o período. Esse desempenho representa um crescimento de 8,1% em relação a setembro e de 11,6% na comparação anual.

No acumulado de 2024, o país exportou 41,5 milhões de sacas, 35,1% a mais do que no mesmo intervalo do ano anterior. Contudo, gargalos logísticos seguem limitando o potencial exportador. Até setembro, cerca de 2,1 milhões de sacas deixaram de ser embarcadas, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Café canéfora e relação de troca em destaque

As exportações de café canéfora (robusta) tiveram crescimento expressivo em 2024, totalizando 7,9 milhões de sacas, uma alta de 140% em relação ao ano passado. Paralelamente, a relação de troca entre café verde e fertilizantes atingiu, em novembro, o menor patamar dos últimos 13 anos. Atualmente, são necessárias 1,3 sacas de café para adquirir 1 tonelada de fertilizante (blend 20-05-20), valor 47% inferior ao de 2023.

Essa queda foi impulsionada pela valorização dos preços do café nas últimas semanas, combinada com a retração nos preços dos fertilizantes devido à menor demanda. Contudo, as tensões geopolíticas envolvendo Ucrânia e Rússia continuam representando um risco potencial para uma nova alta nos preços dos insumos agrícolas.

Valorização no mercado interno e incertezas para 2025/26

Após pressões negativas em outubro, os preços internos do café apresentaram forte recuperação em novembro. A desvalorização do real, aliada ao aumento na demanda, elevou os preços médios do café arábica em 11%, superando R$ 1.900 por saca. O robusta também teve alta de 7%.

Apesar de uma florada excepcional em grande parte das regiões produtoras de arábica, a incerteza quanto à fixação dessa florada preocupa os produtores. A seca prolongada e as altas temperaturas que atingiram as plantações até setembro já impactaram o potencial produtivo para a safra 2025/26. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta estoques de passagem de apenas 1,2 milhão de sacas para 2024/25, aumentando as incertezas.

Perspectivas climáticas e mercado volátil

As chuvas retornaram em outubro e persistiram em novembro, beneficiando as regiões produtoras de arábica. No entanto, a continuidade do regime de chuvas nos próximos meses será essencial para o desenvolvimento dos frutos e a consolidação da safra.

No cenário atual, com incertezas climáticas e geopolíticas, além de potenciais medidas tarifárias nos Estados Unidos e a entrada em vigor do regulamento europeu EUDR, espera-se alta volatilidade nos preços no curto prazo. Muitos produtores, cautelosos, têm optado por comercializar apenas volumes necessários, limitando a oferta no mercado doméstico.

Esse contexto reforça o desafio de equilibrar oferta, demanda e planejamento agrícola diante de variáveis imprevisíveis que moldam o mercado global do café.

Fonte: Portal do Agronegócio

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