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Exportações em queda, tarifas dos EUA e clima instável desafiam o mercado de café no Brasil

Apesar da colheita avançada e de um dos maiores volumes históricos de exportação no ciclo 2024/25, produtores enfrentam queda nos preços, aumento nos custos e incertezas com nova tarifa norte-americana


Publicado em: 23/07/2025 às 19:20hs

Exportações em queda, tarifas dos EUA e clima instável desafiam o mercado de café no Brasil
Exportações desaceleram, mas ciclo ainda é histórico

Em junho de 2025, o Brasil exportou 2,6 milhões de sacas de café (de 60 kg), o que representa uma queda de 12% em relação a maio e de 28% na comparação com junho de 2024. No acumulado do ciclo 2024/25 (de julho a junho), o país embarcou 45,6 milhões de sacas, configurando-se como o terceiro maior volume já registrado, atrás apenas dos ciclos 2023/24 e 2020/21. A desaceleração nas exportações segue as projeções do Rabobank, que apontam colheitas abaixo do esperado e volumes recordes no ano anterior. Para 2025, a estimativa é de cerca de 42 milhões de sacas exportadas.

Relação de troca piora com alta nos fertilizantes

A rentabilidade do produtor de café tem sido pressionada pela piora na relação de troca. Em julho, foram necessárias 1,6 sacas de café para comprar uma tonelada do fertilizante 20-05-20, alta de 35% desde o início do ano e de 10% em relação a junho. Apesar do aumento, a relação ainda está mais favorável do que em julho de 2024, quando eram necessárias 1,7 sacas.

Queda nos preços e impacto da tarifa dos EUA

Entre janeiro e julho, os preços do café arábica e conilon no Brasil caíram 25% e 47%, respectivamente. Essa queda foi influenciada pela colheita nacional e pelas boas expectativas de produção tanto no Brasil quanto no Vietnã.

Contudo, o anúncio recente de uma tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao café brasileiro trouxe volatilidade ao mercado. Até o momento, não foram registrados cancelamentos de contratos, mas também não houve novas compras. Exportadores e importadores aguardam definições sobre como a medida será implementada. Ainda é cedo para avaliar os impactos de longo prazo, que dependerão da duração e execução efetiva da tarifa. Há possibilidade de alteração nos fluxos globais do comércio de café.

Consumo nos EUA em alerta com cenário econômico

Outro ponto de atenção é o mercado norte-americano. Mesmo com a recente queda nos preços, o consumo de café nos Estados Unidos segue pressionado por fatores econômicos e inflacionários. Um aumento de 50% nos custos pode agravar esse cenário e afetar a demanda pelo produto.

Chuvas fora de época atrasam colheita e afetam qualidade

Embora junho costume ser um mês seco, algumas regiões produtoras registraram chuvas acima da média, atrasando a colheita e podendo comprometer a qualidade dos grãos. Apesar disso, o avanço da colheita é expressivo: estimativas privadas apontam que mais de 50% do arábica e mais de 90% do conilon já foram colhidos.

No campo, produtores relatam queda no rendimento do arábica, especialmente na conversão do café cereja para o beneficiado. Esse problema é atribuído às chuvas escassas em fevereiro e já havia sido considerado nas estimativas da safra.

Fonte: Portal do Agronegócio

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