Publicado em: 12/12/2025 às 19:20hs
As exportações brasileiras de café registraram forte retração em novembro de 2025, de acordo com o relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O país embarcou 3,582 milhões de sacas de 60 kg, volume 26,7% menor que as 4,889 milhões exportadas no mesmo mês de 2024.
Apesar da queda em volume, a receita cambial aumentou 8,9%, subindo de US$ 1,409 bilhão para US$ 1,535 bilhão — resultado da valorização dos preços médios do grão no mercado internacional.
Entre janeiro e novembro de 2025, o Brasil exportou 36,868 milhões de sacas de café de todos os tipos, o que representa uma redução de 21% em relação às 46,658 milhões de sacas enviadas no mesmo período do ano passado.
No entanto, a receita cambial total apresentou alta expressiva de 25,3%, passando de US$ 11,377 bilhões para US$ 14,253 bilhões, impulsionada pelos preços internacionais 50% superiores aos praticados em 2024.
No recorte do ano-safra 2025/26 (julho a novembro), o país embarcou 17,435 milhões de sacas, com receita de US$ 6,723 bilhões — queda de 21,7% em volume, mas alta de 11,6% em valor.
Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, a maior entrada de dólares nas exportações se deve às cotações mais elevadas do café nos mercados internacionais.
“Os preços médios estão cerca de 50% acima dos registrados em 2024. Já o recuo no volume era esperado, após o recorde de exportações no ano passado e a menor disponibilidade do produto em 2025”, explica Ferreira.
Ferreira também destacou que o desempenho do setor foi prejudicado pela combinação de tarifas impostas pelos Estados Unidos e problemas logísticos nos portos brasileiros.
Entre 6 de agosto e 21 de novembro de 2025, período de vigência das taxas de 50% sobre as importações de cafés brasileiros, os embarques para o mercado norte-americano despencaram 54,9%, passando de 2,917 milhões para 1,315 milhão de sacas.
Com o fim do tarifaço para os cafés arábica, conilon, robusta, torrado e moído, o Cecafé prevê retomada gradual dos negócios com os EUA a partir de dezembro.
“O café solúvel ainda permanece tarifado em 50%. Representa 10% das nossas exportações para os americanos, e seguimos trabalhando pela isenção também desse produto”, afirmou Ferreira.
Os gargalos logísticos e a defasagem na infraestrutura portuária seguem sendo um desafio para os exportadores.
Segundo levantamento do Cecafé, os associados da entidade registraram prejuízo de R$ 8,719 milhões apenas em outubro de 2025, com armazenagem extra, pré-stacking e detentions, causados pela impossibilidade de embarcar 2.065 contêineres (681,6 mil sacas).
Conforme o Boletim DTZ, elaborado em parceria com a startup ElloX Digital, 52% dos navios (204 de 393 embarcações) sofreram atrasos ou mudanças de escala nos principais portos do país.
O Porto de Santos, responsável por 79% das exportações brasileiras de café, foi o mais afetado: 73% dos navios apresentaram atrasos ou alterações de rota em outubro, com tempo de espera de até 61 dias.
Mesmo com o impacto das tarifas, os Estados Unidos continuam liderando o ranking dos principais importadores de café brasileiro.
De janeiro a novembro de 2025, o país comprou 5,042 milhões de sacas, volume 32,2% menor que o registrado no mesmo período de 2024, representando 13,7% do total exportado pelo Brasil.
Na sequência aparecem:
Com o fim parcial das tarifas norte-americanas e expectativa de melhora na operação portuária, o Cecafé acredita em recuperação gradual das exportações a partir de dezembro.
Ainda assim, a entidade reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura e políticas de estímulo à competitividade para sustentar o protagonismo do Brasil no mercado global de café.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias