Publicado em: 10/10/2025 às 10:25hs
As exportações brasileiras de café somaram 3,75 milhões de sacas de 60 kg em setembro de 2025, queda de 18,4% em relação ao mesmo mês de 2024, quando foram embarcadas 4,59 milhões de sacas. Apesar da retração no volume, a receita cambial cresceu 11,1%, atingindo US$ 1,369 bilhão, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O recuo reflete a menor disponibilidade de café no mercado, resultado de estoques reduzidos e de uma safra afetada por condições climáticas adversas. O cenário foi agravado pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos, que impactou diretamente as vendas ao maior comprador do café brasileiro.
Nos três primeiros meses da safra 2025/26, o Brasil embarcou 9,68 milhões de sacas, o que representa uma redução de 20,6% frente ao mesmo período da safra anterior. Ainda assim, a receita subiu 12%, chegando a US$ 3,52 bilhões, impulsionada pelos preços mais altos do produto no mercado internacional.
De janeiro a setembro de 2025, o país exportou 29,1 milhões de sacas, queda de 20,5% em relação aos 36,6 milhões registrados no mesmo intervalo de 2024. No entanto, o faturamento teve alta de 30%, passando de US$ 8,49 bilhões para US$ 11,05 bilhões.
Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, o resultado já era esperado após o recorde de exportações em 2024 e a redução dos estoques. Ele destacou ainda o forte impacto das tarifas impostas pelo governo norte-americano, que reduziram as importações dos EUA em 52,8% em setembro, totalizando 332,8 mil sacas.
Com o tarifaço, os Estados Unidos caíram para o terceiro lugar entre os principais destinos do café brasileiro em setembro. A Alemanha assumiu a liderança, com 654,6 mil sacas, seguida pela Itália, com 334,6 mil.
Mesmo assim, no acumulado do ano, os EUA continuam como o principal comprador, com 4,36 milhões de sacas, o equivalente a 15% das exportações totais, apesar da queda de 24,7% ante 2024.
Fecham o top 5:
Ferreira defendeu uma mobilização urgente do governo federal para retomar o diálogo comercial com os Estados Unidos. Segundo ele, após os recentes sinais de abertura do presidente Donald Trump em conversas com Lula e durante discurso na ONU, é preciso agir com rapidez para proteger o setor.
“Os exportadores já enfrentam cancelamentos e adiamentos de contratos devido ao encarecimento causado pelas tarifas. O Executivo precisa agir com urgência”, alertou o presidente do Cecafé.
A entidade solicitou uma reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin, responsável pelo Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, para reforçar a importância estratégica do café brasileiro no mercado norte-americano.
Ferreira ressaltou que não há outro fornecedor capaz de substituir o Brasil em volume e qualidade, e que o café pode ser incluído em uma lista de produtos isentos das tarifas, desde que haja avanço nas negociações bilaterais.
Entre janeiro e setembro, o café arábica manteve sua liderança, respondendo por 79,7% das exportações, com 23,2 milhões de sacas enviadas ao exterior — uma queda de 12,5% em relação a 2024.
Em seguida aparecem:
Os cafés diferenciados, com certificações de qualidade ou práticas sustentáveis, representaram 20,3% das exportações totais nos nove primeiros meses do ano, com 5,91 milhões de sacas embarcadas — uma queda de 11% no volume, mas com alta de 48,6% na receita, que chegou a US$ 2,51 bilhões.
O preço médio das sacas desses cafés foi de US$ 425.
Os principais destinos foram:
O Porto de Santos segue como o principal ponto de saída do café brasileiro, responsável por 79,3% dos embarques entre janeiro e setembro de 2025 — o equivalente a 23,09 milhões de sacas.
Na sequência aparecem:
Relatório completo disponível em: www.cecafe.com.br.
Fonte: Portal do Agronegócio
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