Publicado em: 17/11/2025 às 20:00hs
O Brasil exportou 4,1 milhões de sacas de 60 kg de café em outubro, registrando alta de 10% em relação ao mês anterior. Apesar da melhora mensal, o volume embarcado ainda é 20% menor do que o registrado no mesmo período de 2024, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Entre janeiro e outubro, o total exportado segue 20% abaixo do ano passado. O desempenho fraco é atribuído a gargalos logísticos nos portos brasileiros e à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro.
Após a aplicação das tarifas em agosto, as exportações destinadas ao mercado norte-americano despencaram. Entre agosto e outubro, foram embarcadas 984 mil sacas, o que representa uma redução de 52% em comparação ao mesmo período de 2024.
O governo dos Estados Unidos anunciou, em 14 de novembro, uma lista de produtos agrícolas que ficariam isentos das tarifas recíprocas, incluindo o café. A medida, retroativa a 13 de novembro, tem como objetivo conter custos para os consumidores locais.
No entanto, até o momento, a isenção se aplica apenas à tarifa recíproca de 10%, enquanto a sobretaxa punitiva de 40% continua vigente. Autoridades dos dois países seguem em negociações bilaterais, alimentando expectativas de um acordo que alivie o impacto sobre o comércio.
Para o mercado norte-americano, a mudança traz algum alívio no curto prazo, já que a indústria contava com estoques até novembro. Contudo, caso a tarifa adicional seja mantida, o abastecimento pode voltar a ser afetado nos próximos meses.
Os preços internacionais do café seguem altamente voláteis. Em outubro, as cotações do arábica e do conilon (robusta) subiram 2% e 4%, respectivamente. Entretanto, até 13 de novembro, os valores recuaram 2% para o arábica e 5% para o conilon.
A retração está associada ao avanço das chuvas nas regiões produtoras brasileiras, às notícias sobre as tarifas e à expectativa de uma oferta global mais robusta em 2026, especialmente com o bom desempenho das safras no Vietnã e na América Central.
Ainda assim, o mercado deve continuar instável nas próximas semanas, com atenção redobrada às condições climáticas, aos estoques de café físico (especialmente arábica) e às incertezas geopolíticas que seguem influenciando o comércio internacional.
Em novembro, a relação de troca entre café e fertilizantes piorou 4% em relação ao mês anterior, segundo o Rabobank. Atualmente, são necessárias 1,2 sacas de café verde (60 kg) para a compra de uma tonelada de fertilizante (blend 20-05-20).
Apesar da piora mensal, o indicador ainda é mais favorável do que no mesmo período de 2024, quando eram necessárias 1,4 sacas. Os preços dos fertilizantes permanecem estáveis, enquanto o café mostra sinais de enfraquecimento no mercado interno e externo.
As condições climáticas nas principais regiões produtoras apresentaram melhora em novembro. Após um outubro irregular e com chuvas abaixo da média, as precipitações se tornaram mais consistentes no final do mês, beneficiando as áreas de arábica em Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.
A regularidade das chuvas e as temperaturas amenas nas últimas semanas favoreceram novas floradas e a fixação dos frutos, fatores essenciais para o desenvolvimento da próxima safra. O cenário climático segue sendo um dos principais pontos de atenção para a colheita 2026/27, especialmente diante da possibilidade de eventos climáticos extremos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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