Publicado em: 21/11/2025 às 11:10hs
Os preços internacionais do café registraram forte queda nesta sexta-feira (21) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a retirada das tarifas de 40% sobre produtos agrícolas brasileiros — entre eles o café e o cacau. A medida, que busca conter o aumento dos preços dos alimentos no mercado americano, provocou reação imediata nas bolsas internacionais.
De acordo com a Reuters, as tarifas haviam contribuído para elevar em cerca de 40% o preço do café no varejo norte-americano em setembro, em comparação ao mesmo período do ano anterior. O aumento no custo dos alimentos tem sido apontado como um dos fatores que pressionam a popularidade do presidente republicano.
O Brasil, maior produtor e exportador mundial de café, responde por aproximadamente um terço do volume consumido nos Estados Unidos — o maior mercado consumidor do planeta. Com a retirada das tarifas, espera-se que as exportações brasileiras ganhem impulso, embora a reação do mercado ainda seja cautelosa.
“Precisamos que o mercado digira a notícia. Pode haver mais queda nos preços, mas não acredito que o valor do arábica fique abaixo de US$ 3 por libra. Se isso acontecer, eu compraria”, afirmou um trader europeu ouvido pela agência.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os contratos futuros do café arábica — referência global para a commodity — recuavam 4,6% por volta das 7h17 (horário de Brasília), cotados a US$ 3,59 por libra-peso, após atingirem mínimas de dois meses.
Já o café robusta, negociado na Bolsa de Londres, recuava 5%, para US$ 4.400 por tonelada, depois de uma queda de até 8% nas negociações anteriores. O robusta é utilizado principalmente na produção de café solúvel, enquanto o arábica domina as misturas torradas e moídas.
No mercado interno, o café também apresenta oscilações. Segundo levantamento recente do Rabobank, os preços do arábica recuaram cerca de 2% em novembro, enquanto o conilon teve queda próxima a 5%. A correção reflete o movimento internacional e as expectativas de melhora no clima nas principais regiões produtoras.
Apesar da recente desvalorização, os fundamentos de oferta continuam apertados. Os estoques certificados seguem em níveis baixos e há preocupação com o impacto do fenômeno La Niña, que pode provocar períodos de estiagem nas lavouras brasileiras — especialmente em Minas Gerais e Espírito Santo.
Analistas avaliam que a queda atual deve ser passageira. A combinação de estoques reduzidos, risco climático e crescimento da demanda internacional deve impedir uma desvalorização mais acentuada.
Além disso, a remoção das tarifas tende a beneficiar o Brasil no médio prazo, aumentando o fluxo de exportações para os Estados Unidos e fortalecendo a competitividade do produto brasileiro no mercado global.
Para os produtores, o momento exige cautela. Especialistas recomendam monitorar os contratos futuros e as condições climáticas nas regiões cafeeiras, uma vez que qualquer nova pressão sobre a oferta pode reverter rapidamente o movimento de queda.
O cenário de curto prazo aponta para um ajuste técnico após a decisão dos EUA, mas o setor ainda deve enfrentar volatilidade até a consolidação da próxima safra 2025/26. O desempenho da produção dependerá do regime de chuvas nos próximos meses e do comportamento do câmbio, fatores decisivos para a rentabilidade dos exportadores.
Com o Brasil reforçando sua posição como principal fornecedor global, o país deve seguir como protagonista nas negociações internacionais, especialmente diante da reabertura comercial com os Estados Unidos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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