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De acordo com a Procafé, perdas com estiagem devem chegar a 20%

Em entrevista durante a Fenicafé, o engenheiro agrônomo do Ministério da Agricultura, Pecuária e bastecimento (Mapa) e da FundacãoProcafé, de Varginha, José Braz Matiello, aponta que a estiagem deve provocar uma redução de cerca de 20% na safra de café em relação as 48 milhões de sacas estimadas pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) em janeiro, antes, portanto, do veranico que castigou os cafezais


Publicado em: 21/03/2014 às 18:20hs

De acordo com a Procafé, perdas com estiagem devem chegar a 20%

Matiello fala também sobre o crescimento dos casos de broca em Minas

Gerais, facilitado pela falta de chuvas e também pela descapitalização do produtor, que não pôde utilizar o defensivo mais adequado para combater a praga.

Como é está a situação da broca e do déficit hídrico em Minas Gerais?

Matiello- O déficit hídrico é sério em alguns lugares. Houve estiagem entre dezembro e fevereiro, enquanto que em março a situação normalizou um pouco em algumas localidades. Mas, no geral, os níveis de água não foram recuperados. Com isso, tem havido vários níveis de prejuízo às lavouras: grãos chochos, má formação do fruto...

A quantidade de café perdida é difícil saber. Para saber isso estamos justamente agora com um grupo no campo para fazer o levantamento. Mas o dano é bem significativo. O mercado mesmo o está mostrando através do preço. Ele já entendeu (o tamanho do dano).

Quanto à broca, parece que, neste ano, o ataque está maior. Primeiro porque o cafeicultor deixou de usar um produto bom na lavoura. Segundo porque esse período seco facilita a disseminação. Além de estar mais quente, ele encurta o ciclo da broca, entre o ovo e o adulto, dá mais gerações no mesmo período. Por conta disso que na região de café conilon, onde é mais quente, o problema da broca é muito mais crítico que nas áreas de arábica.

Mas, como também nas regiões de café arábica esteve mais quente, houve mais gerações de broca neste período. Com a falta de chuvas, são dois fatores facilitadores da broca. O primeiro é o efeito físico: a chuva bate no inseto, que está fazendo perfurações, e o tira do lugar. Mas ele volta mais uma vez... O inseto tem uma certa resistência física. É igual a nós. Por exemplo, tem gente que corre dez minutos e cansa. A broca tem uma reserva física pra perfurar a galeria para fazer a postura, ou seja, para se multiplicar. A chuva a derruba e outra vez diminui sua reserva física... Além disso, a umidade facilita a vida de certos fungos que são inimigos naturais da broca. Então a broca aumentou por conta destas duas razões a condição do clima e porque não estava sendo utilizado um produto adequado na lavoura, e agora os índices de infestação com a broca estão maiores que os normais.

A estimativa de safra da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) para 2014, de 48 milhões de sacas, vai ser revisada?

Matiello - Era um número bom para antes da estiagem. Muitas empresas do mercado externo que puxam geralmente o número para cima estão mais ou menos coerentes com esse número. Mas, é lógico que a tendência é de uma revisão para baixo, de 30% em algumas regiões, de 20% em outras e de 10% em outras. Na maior parte das regiões de arábica que não tem irrigação a queda mínima é de 10%. Mas é muito difícil chegar a uma média de redução. Há casos de perda de 50% da safra e até mesmo de perda total. Acredito que a queda média em relação aos números da Conab será de cerca de 20%.

As perdas na Zona da Mata de Minas Gerais são grandes, assim como para o conilon no Espírito Santo. São conjunturas parecidas destas duas regiões, já que é uma área contígua.

Fonte: Agência Safras

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