Publicado em: 05/08/2024 às 18:40hs
A Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, prevê uma redução na safra de café em 2024 em comparação ao ano anterior, contrariando as expectativas de aumento. Este cenário afetará as entregas de grãos pelos cooperados, conforme afirmou o presidente da cooperativa, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, em entrevista à Reuters.
Com a colheita quase finalizada, Melo destacou que, apesar da safra menor, as exportações esperadas para este ano não serão prejudicadas. Isso se deve ao fato de os produtores terem realizado vendas nos momentos de alta do mercado, utilizando seus estoques. A Cooxupé, que também é a maior exportadora de café do Brasil, mantém uma estratégia robusta de exportação.
"A safra atual está praticamente consolidada. Inicialmente, eu dizia que ela seria muito parecida com a anterior, com 2023, e até esperávamos um acréscimo de cerca de 8%. Contudo, devido às condições climáticas, acreditamos que a safra será menor que a do ano passado", explicou Melo durante um evento da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), em São Paulo.
Referindo-se às regiões do Sul de Minas, Cerrado Mineiro e parte de São Paulo, onde a Cooxupé atua, Melo afirmou: "Não haverá crescimento na área da Cooxupé". Essas regiões são as mais importantes produtoras de grãos arábica do país.
A cooperativa esperava receber em 2024 cerca de 7 milhões de sacas de 60 kg, incluindo o produto de produtores não cooperados, o que representaria um aumento de 7,7% em comparação a 2023. No entanto, Melo destacou que haverá uma quebra na safra: "Essa inversão é algo a se destacar".
Questionado sobre a possibilidade de crescimento no recebimento em relação a 2023, ele reiterou: "Não".
Embora não tenha fornecido uma nova previsão para os recebimentos de 2024, Melo garantiu que o menor volume não afetará a exportação prevista. "A questão de mercado é positiva, o preço está bom, e o produtor está mais capitalizado, participando apenas quando os preços estão altos", disse ele.
Ele lembrou que, quando os preços subiram para 1.430 reais por saca na semana passada, mais de 100 mil sacas foram negociadas em um único dia. Em contraste, quando as cotações caem abaixo de 1.400 reais, apenas 5 a 10 mil sacas são negociadas com a cooperativa. "A cooperativa tem comprado muito café e acreditamos que estamos suprindo o mercado, embora os estoques mundiais estejam baixos e o consumo se mantenha."
Anteriormente, a Cooxupé havia previsto embarques de café de 6,8 milhões de sacas em 2024, sendo 5,5 milhões destinadas à exportação e o restante ao mercado interno.
Para 2025, Melo considera prematuro fazer projeções de safra, pois tudo dependerá das floradas nos próximos meses, que costumam surgir após a temporada de chuvas. "2025 ainda é incerto, pois estamos muito no início. No entanto, se o clima continuar seco e quente como está, poderá acarretar em mais uma safra menor no futuro, mas ainda é muito cedo para afirmar isso", completou, acrescentando que as lavouras bem conduzidas, que recebem os melhores tratos, são capazes de superar este momento desafiador.
Fonte: Portal do Agronegócio
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