Publicado em: 13/05/2014 às 13:40hs
Aproximadamente 80% dos estabelecimentos produtores de café são de agricultura familiar. Essas propriedades, administradas e manejadas no âmbito da família, empregam juntas em torno de 1,8 milhão de pessoas por ano e são responsáveis por 38% do café produzido no Brasil. Porém, ao contrário da cafeicultura empresarial, os pequenos produtores, com exceção dos organizados no sistema de cooperativas, enfrentam dificuldades que vão desde a compra de maquinário até a comercialização do grão.
Para minimizar os obstáculos do homem do campo que planta café, pesquisadores do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D-Café), composto por várias instituições, entre elas Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Universidade Federal de Viçosa (UFV), estão desenvolvendo equipamentos compatíveis com o bolso, capacidade de investimento e tamanho da safra desse grupo de pequenos cafeicultores.
Segundo o professor Juarez Sousa e Silva, que desenvolve pesquisas na UFV, já foram produzidas e vendidas centenas de secadores, descascadores, lavadoras e silos. “Normalmente, a indústria só pensa e fabrica máquinas grandes, que são inadequadas e caras para os pequenos, cuja produção varia de 5 mil a 20 mil pés. Então decidimos desenvolver equipamentos ajustados para esse público”, diz.
Capacidade do bolso
Um secador grande, por exemplo, não sai por menos de R$ 70 mil no varejo. “Como esse pequeno produtor trabalha isolado, sem apoio de cooperativa, tem mais dificuldade de acesso ao crédito. Já o kit que produzimos, e que conta com a infraestrutura básica, sai por cerca de R$ 40 mil. E o conjunto das máquinas pode ser montado de acordo com a demanda do produtor e do volume de produção”, explica o professor. O kit é basicamente formado por secadora, descascadora, lavadora e silo.
Outro obstáculo que os pequenos cafeicultores enfrentam é na hora da venda dos grãos. Como a produção é em pequena escala, eles têm poucas possibilidades de comercializar o café diretamente com os mercados consumidores, ou de retê-lo, aguardando melhores preços.
Atravessadores
De acordo com Juarez Sousa e Silva, esses cafeicultores, por não produzirem café com agregação de valor, vendem o produto a atravessadores que pagam o preço que melhor lhes convém.
“Quando sozinhos, os produtores ficam entregues às baratas. Daí a necessidade de levar informação que possa romper com essa dependência do atravessador, que chega na fazenda com seu caminhãozinho e paga o que quiser”, critica. O professor ressalta a importância do associativismo, como forma de aumentar o poder de negociação.
Técnicos farão apresentação em Guaxupé
Para auxiliar os pequenos cafeicultores, pesquisadores do Consórcio desenvolvem e transferem tecnologias em pós-colheita, entre outras de interesse da lavoura cafeeira, apropriadas à cafeicultura de base familiar. Simultaneamente, também vêm produzindo e disponibilizando material bibliográfico, em linguagem simples, para a construção e utilização das tecnologias com eficiência comprovada.
Técnicos da Emater e de cooperativas associadas ao programa intensificaram as visitas às fazendas. E segundo o professor da UFV, Juarez Sousa, a meta é pegar a estrada e levar conhecimento aos cafeicultores país afora. A próxima parada, em 10 dias, é a região de Guaxupé, no Sul de Minas. Depois disso, os destinos são Rondônia e, em seguida, Espírito Santo.
Ano
A ONU declarou 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar. A iniciativa inclui todas as atividades agrícolas de base familiar e está ligada a diversas áreas do desenvolvimento rural, inclusive à cafeicultura. Além de estar intimamente vinculada à segurança alimentar, esse tipo de agricultura preserva os alimentos tradicionais, contribui para alimentação balanceada e para o uso sustentável dos recursos naturais.
Fonte: Hoje em Dia
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