Publicado em: 27/06/2025 às 17:30hs
Entre os dias 2 e 4 de julho, o 10º Coffee Dinner & Summit será realizado no Royal Palm Hall, em Campinas (SP), com destaque para o painel “Tendências do Consumo de Café”, promovido pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O objetivo é debater como os recentes desafios — como desequilíbrio entre oferta e demanda, novas regulações globais e obstáculos logísticos causados por tensões geopolíticas — têm influenciado o consumo mundial da bebida.
Nos Estados Unidos, maior consumidor global de café, o presidente da National Coffee Association (NCA), Willian “Bill” Murray, afirma que o consumo segue uma trajetória ascendente há anos, embora os impactos da nova tarifação anunciada pelo governo Trump ainda sejam incertos. A entidade, inclusive, solicitou formalmente ao governo a isenção das tarifas para o café, mas ainda não há previsão de resposta.
Murray destaca que os consumidores americanos estão adaptando seus hábitos diante do cenário econômico, optando por pacotes maiores, marcas alternativas e promoções para manter o consumo. Segundo ele, o café segue sendo a bebida preferida dos norte-americanos.
Na Europa, continente que lidera o consumo global de café em volume total, a alta nos preços tem levado muitos consumidores a comprarem apenas em ocasiões promocionais, conforme aponta Stefan Dierks, diretor de Sustentabilidade do Grupo Melitta. Alguns buscam marcas mais acessíveis ou de marca própria, enquanto uma minoria tem, de fato, reduzido o consumo.
Paralelamente, o bloco europeu avança com legislações ambientais rigorosas, como o Regulamento da UE para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR). Essas normas visam garantir que produtos como o café sejam cultivados com responsabilidade ambiental e social. No entanto, Dierks alerta para os desafios na implantação dessas exigências até o final de 2025, especialmente em algumas regiões produtoras. Ele enfatiza a importância de apoiar esses países no cumprimento das novas regras e reconhece o esforço do Brasil nesse processo.
O Brasil, além de maior produtor mundial, também ocupa a segunda colocação no ranking de consumo. Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), explica que o aumento de mais de 83% nos preços ao consumidor gerou um peso considerável no orçamento das famílias, especialmente diante de outros aumentos alimentares.
Segundo Cardoso, os consumidores brasileiros adaptaram seu comportamento: trocaram marcas, optaram por blends mais baratos e reduziram desperdícios no preparo do café. Apesar disso, o consumo no primeiro quadrimestre de 2025 registrou queda de 5,13%. Ele aponta, porém, que as cotações já começaram a recuar, com a saída dos fundos especulativos do mercado e revisões positivas nas safras de robusta do Brasil e Vietnã. Isso deve refletir em preços mais acessíveis nas gôndolas nas próximas semanas.
Para o restante do ano, a ABIC acredita em uma possível recuperação do consumo, mas alerta que ainda é cedo para projeções concretas, sendo necessário aguardar o fechamento do próximo quadrimestre.
O painel contará ainda com a presença de Ryo Satomi, chefe da Divisão de Sustentabilidade da UCC Japan, trazendo a perspectiva do mercado asiático, e Marcel Motta, Country Manager Latam da Euromonitor, que analisará o consumo na China e em países árabes. A mediação será feita por Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
O Coffee Dinner & Summit também terá a presença de líderes políticos e especialistas em macroeconomia. Estão confirmados os governadores Romeu Zema (Minas Gerais) e Renato Casagrande (Espírito Santo), que participarão do painel “Futuro do Agro Brasileiro”, no dia 4 de julho. No dia anterior, o economista Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco do BRICS e negociador do acordo Mercosul-União Europeia, debaterá os rumos da economia brasileira.
Com desafios complexos e transformações em curso no mercado global, o Coffee Dinner & Summit 2025 reunirá as principais lideranças do setor cafeeiro para antecipar tendências, alinhar estratégias e promover o desenvolvimento sustentável da cadeia do café em todas as suas frentes — do campo ao consumidor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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