Café

Clima no Brasil faz café subir 9% em Nova York

Ainda sob forte influência do clima seco em regiões produtoras do Brasil, as cotações do café arábica dispararam ontem na bolsa de Nova York e alcançaram o maior patamar desde janeiro do ano passado


Publicado em: 19/02/2014 às 17:30hs

Clima no Brasil faz café subir 9% em Nova York

Os contratos futuros da commodity com vencimento em maio - os mais negociados atualmente - encerraram a sessão a US$ 1,5485 por libra-peso, com uma valorização de 1.255 pontos (8,8%). Foi a maior alta diária desde 15 de novembro de 2004, conforme o Valor Data.

Segundo analistas, as chuvas que afetaram alguns polos brasileiros nos últimos dias não foram suficientes para melhorar as condições das lavouras, ainda que tenham sido capazes de estancar as perdas. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial da commodity. "Não acho que há algo real que faça o movimento de alta do café parar, pelo menos até que saibamos quão grande foram os danos à produção brasileira", disse Sterling Smith, do Citigroup, conforme agências internacionais.

Se o clima não melhorar, estimou, os preços do café poderão voltar a atingir US$ 2 por libra-peso em Nova York, o que não acontece desde março de 2012. De acordo com boletim semanal da Somar Meteorologia, o retorno das precipitações conteve os danos aos cafezais, mas não foi capaz de elevar significativamente os índices de umidade do solo.

Em São Sebastião do Paraíso, no sul de Minas Gerais, maior Estado produtor de café do país, choveu 35 milímetros de sábado até segunda-feira, 85% menos que o normal para o período. Segundo Marco Antonio dos Santos, da Somar, a média histórica para o mês é de 212,5 milímetros. Em Varginha, outro importante produtor de café do sul mineiro, choveu 30 milímetros no período, mas a média para fevereiro é de 204,8 milímetros.

As chuvas previstas para esta semana não deverão ser generalizadas, o que é uma má notícia para os cafeicultores mesmo com a queda das temperaturas médias verificadas. Apenas no sábado, com o avanço de uma nova frente fria, choverá de forma mais intensa e generalizada nas principais regiões produtoras do Centro-Sul, o que deverá melhorar os níveis de umidade do solo. Conforme Santos, não há no radar mais períodos longos de estiagem como o observado recentemente. Porém, as chuvas de março deverão ficar mais concentradas na primeira quinzena. Na segunda metade do mês, as precipitações tendem a escassear.

Os percentuais de perdas que a seca e as altas temperaturas provocaram à produção do país nesta safra 2014/15 ainda são incertos, mas estimativas dão conta de que chegam a pelo menos 20%. O calor e a estiagem ocorreram exatamente quando os cafezais estavam na fase de desenvolvimento dos grãos ("granação") e, desse modo, muitos deles foram prejudicados.

Além das perdas no ciclo atual, cuja colheita terá início em maio, há grande possibilidade de que haja reduções também na temporada 2015/16, cuja florada vai acontecer entre setembro e outubro. Com a estiagem, a parte vegetativa da planta se desenvolveu muito pouco e, assim, os números de entrenós que dão origem aos botões florais estão inferiores à média observada para este período do ano.

Fonte: Canal do Produtor

◄ Leia outras notícias