Publicado em: 19/11/2018 às 18:40hs
Café Recanto, de Machado, no Sul de Minas Gerais; Cofi, da região do cerrado; Chico Amado, de Três Pontas, também no Sul do estado; Cocatrel, da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas, que engloba mais de 100 municípios; Café Jequitinhonha, de Capelinha... Em terras mineiras, responsáveis por mais da metade da produção do chamado ouro negro no país, a profusão de marcas e variedades da bebida gourmet, de um extremo do território ao outro, e envolvendo de pequenos a médios produtores e torrefadores é proporcional ao vertiginoso crescimento do consumo.
Essa turma desconhecida da bancada ruralista do Congresso supera os problemas da porteira para dentro da fazenda, mas não a falta de políticas públicas, que agora, mais uma vez, volta a reivindicar dos novos governos do Brasil e de Minas Gerais. Nos últimos dois anos, o mercado de cafés especiais vem crescendo ao ritmo de 20% anuais no Brasil e 12% no mundo, segundo estudo encomendado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). Alguém se lembra de um único indicador da economia tão farto como esse?
O consumo geral de cafés avança modestos 3,5% ao ano. Nem condições para produzir, nem a qualidade do fruto limitam a produção especial, como tem observado Breno Mesquita, presidente da Comissão Nacional de Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e diretor da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas (Faemg). O café especial é assim classificado quando o produto atinge pelo menos 80 pontos numa escala de sensações que alcança a centena, avaliando fragrância, aroma, uniformidade, ausência de defeitos, doçura, sabor, acidez, corpo, finalização e harmonia, com base nos parâmetros da SCAA, a associação americana de cafés especiais.
“O grande desafio é o que fazer para não perdermos a qualidade do café. Para isso, precisamos de políticas de geração de renda com recursos do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira)”, diz Breno Mesquita. As verbas do programa, orçado em R$ 5 bilhões neste ano, financiam o custeio do café – colheita, compra de insumos, mão de obra e estocagem –, dependendo das aprovações e liberações pelo governo.” O grande nó é justamente produzir sem ter a garantia de que vamos vender”, diz Mesquita.
Os cafeicultores pedem também a destinação de parte do dinheiro do Funcafé para qualificar os produtores que necessitam dessa assistência e dar a eles algum mecanismo de previsibilidade. Outra dificuldade que precisa ser destravada é o investimento na qualidade pós-colheita. José Sette, diretor da Organização Internacional do Comércio (OIC), prestou consultoria ao primeiro ingresso do café especial do Brasil no mercado internacional no começo dos anos 2000 e afirma ainda hoje que o Brasil precisa trabalhar para se firmar nesse próspero consumo.
“O mundo já vê este Brasil dos cafés gourmets, mas o país ainda é visto como produtor de grandes volumes, e não de qualidade. O nosso desafio é reverter isso”, afirmou Sette, em visita a Belo Horizonte na semana passada, quando participou da Semana Internacional do Café. O café brasileiro detém 35% da produção mundial. No front interno, o consumidor, da mesma forma, reivindica sua vez de ter acesso aos melhores cafés. Recente levantamento da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) indicou que o preço do quilo do produto especial pode superar em quatro aquele do café comum industrializado.
Representatividade
54 - É o número de cooperativas de cafeicultores filiadas à Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), que representa 46% da produção do estado
Catas Altas - O grupo de 13 empreendedores de Catas Altas que se dedicaram a resgatar a gastronomia típica do estado e promover renda da atividade, movimentando também o turismo na cidade histórica, organiza um festival, marcado para 15 e 16 de dezembro. Eles criaram o coletivo Sabores do Morro, que promove todo mês a feira de gastronomia no Morro d’Água Quente, distrito de Catas Altas, oferecendo queijos, pães, biscoitos caseiros, vinhos e cervejas artesanais, mel e doces.
Fonte: Estado de Minas
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