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Cafeicultores de São Paulo contestam cálculo de produtividade de seguro agrícola

Quebra de safra ocasionada pelo clima não está refletida em laudos da seguradora Safra na região deve ser até 40% menor por causa da estiagem sofrida no Verão


Publicado em: 18/06/2014 às 16:40hs

Cafeicultores de São Paulo contestam cálculo de produtividade de seguro agrícola

Produtores de café de Espírito Santo do Pinhal, no interior de São Paulo, estão tendo problemas com o seguro agrícola. A safra na região deve ser até 40% menor por causa da estiagem sofrida no Verão, mas a seguradora afirma que a produção será mais que o dobro da que é esperada pelos cafeicultores. Essa diferença pode representar o não pagamento do seguro.

O produtor Valdevir Belle se prepara para uma produção 30% menor, com, no máximo, 40 sacas de 60 Kg por hectare. O laudo do seguro aponta uma produtividade quatro vezes maior. O cafeicultor fez o seguro da lavoura junto com o financiamento para o custeio da produção.

– Eles fazem uma conta que não existe – protesta Belle.

O engenheiro agrônomo da Cooperativa de Cafeicultores da Região de Pinhal (Coopinhal), Celso Scanavachi, contesta o laudo do seguro e afirma que a produção vai ser menor este ano.

– A perda deve ser de, em média, 20% a 40% – relata Scanavachi.

Os pés de café estão carregados, mas muitos frutos só têm casca, ou grãos pequenos. Alguns parecem se esfarelar entre os dedos. Como consequência, menor quantidade e qualidade. E com a qualidade prejudicada, cai a remuneração do cafeicultor.

O cafeicultor Renato Augusto Mazarini já fez a colheita e as perdas chegaram a 40%. Ele tem uma pequena propriedade e financia a lavoura com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que é o crédito com seguro para cobrir os custos de produção. Mas o cafeicultor afirma que a burocracia é tanta que ele prefere arcar com o prejuízo.

– Eu tentei recorrer ao seguro. Mas na hora que eu fui recorrer, eu já fiquei sabendo que depois de eu ter acionado, eu não consigo renovar o Pronaf. Eu tenho que pagar, para não ficar inadimplente. Eu pagando, não consigo retirar o dinheiro de novo. Então, não tem jeito. Eu aciono o seguro e não consigo receber, porque é muito demorado. Eu não aciono o seguro e fico com o prejuízo que vai dar o café. Não tem pra onde a gente correr – relata Mazarini.

Os cafeicultores da região já avaliam a possibilidade de entrar na Justiça em uma ação conjunta para o recebimento das apólices.

– Nós estamos contestando que a fórmula que eles estão usando é uma fórmula usada para grãos, para milho, para soja, para cereais. E esta mesma fórmula está sendo aplicada ao café. E aí, ao invés de diminuir a produção, acaba aumentando. Se a produção aumenta, o produtor não tem direito de ser ressarcido pelo seguro – explica o engenheiro agrônomo, Scanavachi.

Em nota, a seguradora Aliança do Brasil afirmou que só pode se manifestar após verificação das apólices e análises das perícias realizadas. A empresa disse que as perícias seguem “os mais rigorosos padrões e normas aplicáveis ao segmento de seguros rurais”.

Fonte: Rede Social do Café

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