A produção de café no Brasil, um dos maiores produtores mundiais do grão, enfrenta o desafio de se tornar mais sustentável em meio ao crescente foco nas questões ambientais. Com a demanda por práticas que respeitem os recursos naturais e mantenham a rentabilidade, a cafeicultura está adotando inovações tecnológicas que beneficiam o meio ambiente.

Dentre as principais práticas sustentáveis, destacam-se o uso responsável da água, a irrigação de precisão e a utilização de bioinsumos. Essas abordagens não apenas minimizam o impacto ambiental, mas também contribuem para a melhoria da qualidade do café produzido, moldando um novo modelo de produção que busca equilibrar eficiência e conservação dos recursos naturais.

O engenheiro agrônomo Elídio Torezani, diretor da Hydra Irrigações, ressalta que o foco na sustentabilidade está transformando a agricultura. “A combinação dessas práticas torna a produção de café muito mais sustentável, garantindo que o uso de água e insumos seja realizado de forma equilibrada e sem desperdícios”, afirma Torezani.

Uso consciente da água

O uso responsável da água na cafeicultura é uma das principais preocupações dos produtores que buscam práticas mais sustentáveis. A irrigação adequada reduz significativamente o desperdício de água e assegura o bom desenvolvimento das plantas. Os avanços nos sistemas de irrigação de precisão possibilitam um controle eficiente da quantidade de água aplicada, ajustando-a às necessidades reais das plantas e evitando tanto a falta quanto o excesso.

“O manejo adequado da irrigação resulta em uma economia expressiva de água e de outros insumos, como fertilizantes. Plantas equilibradas em termos hídricos e nutricionais são menos suscetíveis a pragas e doenças”, complementa Torezani. Essa economia de recursos também se traduz em benefícios econômicos. Ao utilizar menos água, o produtor não apenas preserva o meio ambiente, mas também diminui os custos operacionais.

Bioinsumos: uma alternativa viável

Outro aspecto relevante para a sustentabilidade na produção de café é a substituição de defensivos químicos por bioinsumos. Esses produtos, que utilizam microrganismos ou substâncias de origem biológica para o controle de pragas e doenças, podem ser aplicados diretamente por meio dos sistemas de irrigação de precisão, tornando o processo ainda mais eficiente.

“A adoção de bioinsumos é uma tendência crescente entre os cafeicultores, especialmente porque podem ser usados em conjunto com sistemas de irrigação de alta precisão. Esse conjunto de práticas estabelece um novo perfil produtivo, mais sustentável e rentável”, destaca Torezani. Além de reduzir a utilização de produtos químicos nocivos ao solo e à saúde humana, os bioinsumos mantêm as plantas mais saudáveis e equilibradas. “Isso significa que o café pode ser cultivado com menos impacto ambiental, enquanto a produção se mantém competitiva no mercado internacional”, explica o diretor da Hydra Irrigações, empresa localizada em Linhares.

Agricultura regenerativa

Essas práticas sustentáveis, como a adoção de bioinsumos e a irrigação de precisão, estão intrinsecamente ligadas ao conceito de agricultura regenerativa, que ganha cada vez mais destaque na produção de café. Essa abordagem visa não apenas minimizar os impactos negativos da agricultura, mas também regenerar os ecossistemas, restaurando a saúde dos solos e promovendo a biodiversidade nas áreas cultivadas.

Para os cafeicultores que adotam essa prática, o objetivo é garantir que a produção se mantenha a longo prazo, sem esgotar os recursos naturais. Segundo Elídio Torezani, essa é uma tendência irreversível. “Esse é um caminho sem volta. A agricultura regenerativa oferece um cenário de maior rentabilidade e sustentabilidade para o setor cafeeiro”, conclui.