Publicado em: 05/06/2025 às 11:10hs
Nesta quinta-feira (5), os futuros do café arábica negociados na Bolsa de Nova York registraram alta expressiva, com variação entre 2,3% e 2,8% nos contratos mais negociados. Por volta das 9h40 (horário de Brasília), o contrato para julho atingiu 355,85 cents de dólar por libra-peso, enquanto o de setembro chegou a 353,25 cents, refletindo uma correção após recentes quedas que levaram os preços a testarem níveis abaixo de US$ 3,40 por libra-peso.
O diretor da Pharos Consultoria, Haroldo Bonfá, explica que esse movimento é uma correção técnica do mercado, com traders ajustando suas posições diante das expectativas para as novas safras. Embora os preços tenham sofrido pressão no último mês devido à projeção de aumento na produção e estoques mais altos, as incertezas quanto às futuras colheitas ainda mantêm o mercado atento.
Dados da Pharos indicam que, entre as safras 2024/25 e 2025/26, poderá haver um déficit de 2,1 milhões de sacas de café arábica, o que também sustenta a recente alta nos preços. Em contrapartida, o robusta deve registrar produção mais robusta, levando a um consumo maior dessa variedade tanto no mercado interno quanto no externo, segundo Bonfá.
Entre meados de setembro e início de novembro, os preços do arábica e do robusta chegaram a se aproximar bastante no mercado brasileiro, refletindo essa dinâmica de oferta e demanda.
Por outro lado, o avanço da colheita no Brasil, aliado às boas condições climáticas — com chuvas que se estenderam até abril, diferentemente do cenário seco do ano anterior — tem pressionado para baixo os preços do café arábica e robusta, no mercado interno e externo, conforme análise do Itaú BBA com dados do Cepea.
Após uma recuperação em abril, motivada pela postergação do tarifaço americano, os preços voltaram a cair em maio. Em Nova York, o contrato do arábica recuou de pouco mais de US$ 4/lp no fim de abril para US$ 3,7/lp em 21 de maio, queda de 10,5%. O robusta, em Londres, acompanhou o movimento, sendo negociado perto de US$ 4,9 mil por tonelada. No Brasil, o mercado spot reflete essa tendência, com o arábica na faixa de R$ 2.500 por saca e o conilon em R$ 1.500, considerando o câmbio estável em torno de R$ 5,65 por dólar.
As revisões para cima nas projeções de safra — incluindo as divulgadas pela Conab — e as condições climáticas favoráveis fortalecem as expectativas para a safra 2026/27, caso o clima continue colaborando. Esse cenário tende a manter os preços pressionados, mas com perspectiva de sustentação no médio prazo.
No campo das exportações, o desempenho permanece sólido. Segundo o Cecafé, foram embarcadas 3,09 milhões de sacas em abril. No acumulado dos últimos dez meses, o Brasil já soma 40 milhões de sacas exportadas, indicando que o total da safra pode superar as 44 milhões previstas pelo USDA. Esse volume sugere que a safra anterior pode ter sido maior do que as estimativas iniciais.
O mercado de café passa por uma fase de oscilações entre correção técnica dos preços e pressão causada pelo avanço da colheita e clima favorável. Enquanto a safra robusta deve crescer, gerando oferta maior, o déficit projetado para o arábica mantém a cautela. As exportações brasileiras continuam firmes, reforçando a importância do país no cenário global do café.
Fonte: Portal do Agronegócio
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