Publicado em: 04/09/2013 às 12:00hs
O país foi o terceiro maior comprador do produto proveniente do Brasil e comercializado para o Oriente Médio de janeiro a julho, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé).
A Síria é um país pouco relevante em termos de comércio com o Brasil. Entre os principais produtos exportados pelas empresas brasileiras estão o açúcar, o café e a carne. Em relação à importação, nem mesmo a produção de petróleo daquele país chega a ser significativa.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as exportações para a Síria renderam US$ 3,1 milhões ao Brasil em julho (ante US$ 5,1 milhões em igual período de 2012), apenas 0,01% das vendas nacionais a mercados internacionais. A Síria obteve apenas US$ 177 mil com as vendas para o Brasil no mês passado.
No primeiro semestre, a Síria comprou 181,5 mil sacas de 60 quilos de café do Brasil, o equivalente a 17,5% do total vendido ao Oriente Médio. Turquia (32,2%) e Líbano (22,4%) lideraram as importações do produto, segundo a CeCafé.
A Síria chegou a ser o principal comprador do café brasileiro no Oriente Médio em 2011, com 26,6% de participação — equivalente a 370,1 mil sacas. No entanto, após a Primavera Árabe ter desencadeado um conflito civil no país, há cerca de dois anos, as aquisições caíram para 255,2 mil sacas em 2012, ou 18,5% do mercado da região. A Turquia passou do terceiro para o primeiro lugar na região, trocando de posição com a Síria, enquanto o Líbano permaneceu como o segundo maior consumidor, na comparação entre 2012 e 2011.
“Uma das características do mercado sírio é ter uma capilaridade muito grande no interior da região. Comunidades pequenas são abastecidas por comerciantes locais a partir da capital”, explica Guilherme Braga, diretor-geral do CeCafé. Segundo ele, a queda de vendas para o país desde 2011 é explicada pelo estado de revolução, com prejuízo no fluxo de pessoas e bens entre os centros urbanos e o interior.
Nos primeiros seis meses do ano, o Brasil exportou 17,09 milhões de sacas de café, 15,7% a mais que um ano antes, aponta a CeCafé. O Oriente Médio recebeu 1,04 milhão de unidades — equivalente a 6% do total mundial — e a Síria ficou com uma fatia de 1%. “Não houve uma desarticulação dos canais de comércio, segundo as empresas. O setor financeiro está funcionando, assim como está preservado o fluxo de negócios. Mas é preocupante a situação que uma exacerbação do conflito pode criar”, diz Braga.
Embora ainda não esteja claro o tipo de ação militar que pode ser tomada na Síria, o maior risco é que o conflito se estenda aos países vizinhos, que são grandes produtores de petróleo, diz o Barclays. O Iraque, por exemplo, viu a segurança se deteriorar muito por conta da guerra civil no país vizinho.
O conflito pode alimentar tensões no Oriente Médio e se transformar em algo semelhante a uma guerra, segundo o Barclays. A Arábia Saudita e os Estados do Golfo ficariam ao lado dos rebeldes, enquanto o Irã permaneceria aliado do regime do presidente Bashar al-Assad, diz o banco.
Amaryllis Romano, da consultoria Tendências, destaca que, apesar de a Síria não ser destaque na importação de nenhum produto do agronegócio brasileiro, um possível conflito seria negativo pela destruição de infraestrutura e pela paralisia dos canais de aquisição e demanda. “É um mercado com limitações de clima e solo para a produção de grãos, que está ampliando a população consumidora. É uma perda de potencial que faz diferença”, diz.
Segundo a Companhia Cacique de Café Solúvel, dona da marca Pelé, as exportações para a Síria foram interrompidas devido a sanções dos Estados Unidos ao país desde o início da guerra civil. Para outros países do Oriente Médio, as vendas seguem normalmente. A Café Iguaçu, procurada pelo Valor, disse que não vende para a Síria, mas tem o Oriente Médio como um mercado relevante, embora não o principal.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou hoje que o uso de armas químicas pela Síria ameaça a segurança americana, mas não revelou qual sua decisão sobre uma ação militar no país. Segundo o serviço de inteligência americano, o regime de Assad promoveu um ataque com armas químicas, no dia 21 de agosto, em Damasco, que causou mais de 1,4 mil mortes, sendo 426 crianças e, se provado o uso do armamento, aumentam as possibilidades de um ataque militar dos americanos.
Fonte: CNC Café
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