Publicado em: 17/10/2025 às 10:35hs
O consumo de café no Brasil está em retração. Segundo a nova edição da pesquisa “Café – Hábitos e Preferências do Consumidor (2019–2025)”, divulgada pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, em parceria com o Instituto Axxus, o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT/UNICAMP) e apoio da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), o brasileiro está tomando menos café, indo menos a cafeterias e considerando mais o preço na hora da compra.
O levantamento, que buscou compreender como os consumidores estão adaptando seus hábitos em meio à alta expressiva dos preços do produto, mostra que o número de pessoas que consomem mais de seis xícaras diárias caiu de 30% em 2023 para 26% em 2025. Além disso, 39% dos entrevistados afirmaram escolher sempre a opção mais barata, mais que o dobro do registrado na pesquisa anterior.
A maioria das compras (63,1%) ocorre em supermercados. Já a frequência a cafeterias caiu de 51% para 39% em dois anos, movimento associado ao aumento dos preços fora de casa e à insatisfação com o atendimento e a qualidade em alguns estabelecimentos. “Nesse cenário, muitos consumidores voltaram a preparar o café em casa, que é mais econômico e mantém o consumo dentro da rotina familiar”, explica Sérgio Parreiras Pereira, pesquisador do IAC.
O estudo também observou transformações nos métodos de preparo e nas preferências de sabor. Houve queda no consumo de café espresso de máquina e aumento no uso de cápsulas e sachês. Outro dado relevante é o crescimento do consumo da bebida sem açúcar, que já representa 11% dos entrevistados — tendência que indica maior valorização do sabor original do grão.
Além disso, o café segue firmemente enraizado no cotidiano do brasileiro: 96% afirmam consumir a bebida ao acordar, e 63% relatam melhora no humor e na disposição após o consumo.
No campo digital, a pesquisa mostrou que o YouTube se tornou a principal fonte de informação sobre café, superando outras redes sociais. “Isso demonstra uma nova forma de conexão entre o consumidor e o universo do café”, observa o pesquisador do IAC, vinculado à Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O levantamento, realizado em setembro de 2025, ouviu 4.200 pessoas em todas as regiões do país, por meio de entrevistas presenciais. Desde 2019, a pesquisa acompanha as mudanças no comportamento dos consumidores em diferentes períodos: antes da pandemia, durante o isolamento social, na retomada das atividades presenciais e agora, em meio à pressão dos preços no varejo.
Mesmo com a popularização da bebida, o conhecimento técnico sobre os diferentes tipos de café ainda é limitado. Segundo o levantamento, 48% dos entrevistados não sabem distinguir as categorias disponíveis no mercado.
O estudo explica as principais classificações:
Aspectos culturais também influenciam o consumo no país. O café coado em pano, método preferido por 52% dos entrevistados, segue como símbolo de tradição e memória afetiva. “O coador é simples, acessível e econômico. É o café que remete à convivência familiar e à rotina doméstica”, afirma o pesquisador do IAC.
Metade dos consumidores (50%) ainda prefere o café já adoçado, hábito associado à torra mais intensa dos cafés tradicionais e extrafortes, que tendem a gerar bebidas mais amargas.
A pesquisa também destaca a relevância do selo da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) como indicativo de qualidade. Cerca de 87% dos entrevistados afirmam confiar mais em produtos que exibem o selo, considerado uma garantia de que o café passou por avaliações técnicas rigorosas.
“No supermercado, o consumidor não consegue avaliar a qualidade apenas pela embalagem. O selo da ABIC serve como um atestado técnico, dando segurança e confiança na hora da compra”, explica o pesquisador do IAC.
Fonte: Portal do Agronegócio
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