Publicado em: 02/09/2025 às 19:20hs
A infraestrutura portuária defasada no Brasil causou atrasos significativos nas exportações de café em julho de 2025, fazendo o país deixar de embarcar 508.732 sacas – equivalentes a 1.542 contêineres – e resultando em perda cambial estimada em R$ 1,084 bilhão, segundo levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, destacou que os atrasos nos portos geraram custos extras de R$ 4,14 milhões em armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates somente em julho. Desde junho de 2024, as empresas associadas acumularam prejuízos de R$ 83,061 milhões devido a falhas na infraestrutura portuária e alterações nas escalas de navios.
“Esse não ingresso de receitas representa perda significativa para exportadores e produtores brasileiros, que recebem mais de 90% do preço FOB dos embarques”, afirma Heron.
A entidade alerta que os desafios logísticos tendem a se intensificar no segundo semestre de 2025, com o aumento da chegada dos cafés da safra atual.
Para enfrentar o cenário, o Cecafé tem intensificado o diálogo com órgãos do comércio exterior e buscado dados confiáveis para propor medidas emergenciais. Recentemente, a entidade se reuniu com o gerente do Observatório do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI), Bruno Pinheiro, para aprimorar indicadores logísticos e criar índices que monitorem entraves nas exportações de café.
A associação Logística Brasil apoia a construção de uma pauta focada em logística em Brasília, e parcerias com outras entidades do agronegócio vêm sendo fortalecidas.
“O objetivo é estruturar indicadores que permitam avaliar entraves nas exportações e embasar políticas públicas para melhorar o desempenho do setor”, explica Heron.
O Cecafé também defende maior agilidade nos leilões de terminais, ampliação de pátios e berços nos portos, melhor acesso portuário e investimentos em ferrovias e hidrovias, visando atender à crescente demanda do agronegócio nacional.
Heron destacou avanços no leilão do Tecon Santos 10, incluindo posição favorável do CADE para evitar restrições de participação. Segundo o Cecafé, a conclusão do leilão ainda em 2025 é considerada essencial para melhorar a infraestrutura portuária e reduzir prejuízos no comércio exterior.
“O período de entressafra ajudou a reduzir a pressão nos portos, mas os desafios devem aumentar no segundo semestre, auge da safra”, alerta Heron.
Segundo o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pelo Cecafé em parceria com a startup ElloX Digital:
Em julho, 51% dos 327 navios destinados a exportações de café nos principais portos brasileiros tiveram atrasos ou mudanças de escala.
O boletim também aponta que prazos de gate aberto superiores a quatro dias foram observados em apenas 4% dos procedimentos em Santos, enquanto 38% dos procedimentos do Rio de Janeiro excederam esse prazo.
Exportadores interessados em acessar o Boletim DTZ podem se inscrever através do formulário online disponibilizado pela ElloX Digital: Cadastro Boletim DTZ. Após a inscrição, a ElloX fornece orientações sobre a obtenção das informações de terminais portuários.
Fonte: Portal do Agronegócio
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