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Brasil comemora fim das tarifas sobre o café nos EUA e busca isenção também para o café solúvel, afirma Cecafé

Retirada da taxa de 40% sobre o café verde devolve competitividade ao produto brasileiro; agora, o setor trabalha para retomar espaço nos blends e ampliar negociações comerciais


Publicado em: 21/11/2025 às 11:05hs

Brasil comemora fim das tarifas sobre o café nos EUA e busca isenção também para o café solúvel, afirma Cecafé
Fim da tarifa de 40% sobre o café verde é comemorado pelo setor

A retirada da tarifa de 40% sobre o café verde brasileiro pelos Estados Unidos foi recebida com entusiasmo pelo setor cafeeiro nacional. O anúncio, feito na quinta-feira (20), integrou uma lista de cerca de 200 produtos beneficiados pela isenção tarifária. A medida foi considerada um marco após anos de perda de competitividade provocada pelas políticas comerciais implementadas durante o governo de Donald Trump.

Segundo o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Candido, a decisão representa uma recuperação de espaço no mercado americano, que nos últimos meses já vinha reduzindo a presença do blend brasileiro. “Os Estados Unidos representam entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões das nossas exportações de café. Nos últimos três meses, a queda foi de cerca de 50%, e com a manutenção da tarifa poderíamos perder mais 30%”, afirmou.

Encontro entre Lula e Biden fortaleceu negociações

Candido destacou ainda que o diálogo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano Joe Biden, ocorrido recentemente na Malásia, foi determinante para o avanço das tratativas. “Naquele encontro, ficou claro que as questões políticas seriam deixadas de lado, priorizando-se os temas comerciais”, ressaltou o dirigente.

O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, classificou o dia 20 de novembro como “histórico para a cafeicultura brasileira”, celebrando a revogação da ordem executiva 14323, que impunha a tarifa sobre os cafés do Brasil.

Setor busca isenção também para o café solúvel

Apesar da vitória, ainda há pendências em relação ao café solúvel, que segue tarifado. Matos explicou que o foco agora é retomar o espaço nos blends e reconstruir as relações comerciais com os importadores americanos. “Com a isonomia recuperada, temos condições de reduzir os impactos que poderiam ser incalculáveis e irreparáveis”, afirmou.

O dirigente também ressaltou o reconhecimento internacional da sustentabilidade da cafeicultura brasileira, citando avanços em tecnologia, inovação, produtividade e preservação ambiental, com destaque para o carbono negativo do café nacional — tema amplamente discutido durante a COP em Belém.

Apoio de instituições e autoridades brasileiras foi decisivo

O Cecafé e o governo brasileiro contaram com forte apoio da National Coffee Association (NCA), além da atuação direta do vice-presidente Geraldo Alckmin, dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura) e do chanceler Mauro Vieira.

De acordo com Matos, a modificação da ordem executiva norte-americana reconhece o “processo de negociação bem-sucedido”, abrindo espaço para futuras isenções de produtos ainda não contemplados. “O ambiente atual é favorável para que o Brasil siga avançando e gerando progresso econômico”, avaliou.

Impactos econômicos e risco de prejuízo bilionário

Antes da decisão, as negociações em Brasília envolveram o Cecafé, a Associação Brasileira das Indústrias de Café Solúvel (Abics) e a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), que alertaram o governo para as perdas que o setor já acumulava.

“O Brasil vinha enfrentando forte pressão nos diferenciais de preço aplicados ao nosso café, o que ampliou os descontos sobre a bolsa internacional. Estimávamos que, em 12 meses, as perdas poderiam chegar a US$ 3 bilhões na balança comercial”, explicou Márcio Candido.

Ele também lembrou que os estoques de café brasileiro nos EUA chegaram a zero, o que fez com que os consumidores americanos passassem a consumir blends sem grãos do Brasil, uma situação considerada “extremamente preocupante”.

Café solúvel representa 10% das exportações aos EUA

Candido reforçou que o café solúvel responde por cerca de 10% das exportações brasileiras aos Estados Unidos, e que sua isenção tarifária será a próxima meta das entidades. “O café solúvel é responsável por gerar de três a quatro vezes mais empregos do que o café em grão, por se tratar de um produto de maior valor agregado e com maior impacto na indústria nacional”, destacou.

Fonte: Portal do Agronegócio

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