Publicado em: 04/08/2025 às 09:30hs
De acordo com o IPCA-15, divulgado pelo IBGE, o café acumulou alta de mais de 80% ao consumidor até junho de 2025. Essa elevação significativa impactou diretamente os hábitos de consumo: segundo pesquisa da Ilumeo, 90% dos consumidores notaram o aumento de preço e, diante disso, 52% passaram a consumir menos ou trocaram de marca. Já 48% mantiveram a marca favorita, mesmo com a alta.
Com isso, as marcas de café se deparam com o desafio de agregar valor ao produto, indo além da qualidade do grão, para justificar os novos preços.
Diante da mudança de comportamento do consumidor, a embalagem passou a ocupar um papel central. Mais do que proteger o produto, ela é agora uma ferramenta de comunicação da identidade da marca, seu propósito e compromisso com a sustentabilidade.
A Packster, empresa especializada em soluções de embalagens, percebeu aumento na demanda por projetos personalizados, especialmente de marcas menores e negócios do tipo D2C (direto ao consumidor). Segundo Jack Strimber, CEO da Packster, o consumidor está mais exigente:
“Ele quer saber a história por trás do produto, busca praticidade, impacto positivo e propósito. A embalagem, hoje, é parte essencial da conversa de valor da marca.”
A empresa oferece soluções com impressão digital, materiais compostáveis e tiragens flexíveis, permitindo que marcas criem embalagens diferenciadas para se destacar nas prateleiras.
A Onofre Cafés Especiais é um exemplo de marca que aposta na conexão emocional com o consumidor. A história familiar por trás do café é destacada como diferencial competitivo.
“Nossas embalagens refletem tradição e inovação. Elas contam nossa história antes mesmo do cliente provar o café”, relata Amanda Lacerda, proprietária da marca.
O design valoriza as variedades do grão, com cores e elementos modernos que destacam a exclusividade, a origem controlada e os padrões internacionais, mantendo a essência brasileira.
Outro exemplo é a Serra Cafés, de Ouro Fino (MG), que investiu em redesign da embalagem. O resultado foi imediato:
“A nova embalagem ficou tão bonita que muitos clientes passaram a comprar o café para presentear. Isso nos ajudou a conquistar novos consumidores”, explica Mariana Serra Lemos, cofundadora da marca.
Segundo Strimber, esse tipo de personalização contribui para a diferenciação e criação de vínculo com o público. Muitas marcas também têm apostado em edições limitadas, colaborações e campanhas temáticas como estratégia de fidelização.
Com a disparada no preço dos cafés tradicionais — como os extra fortes e gourmets —, a diferença de valor em relação aos cafés especiais diminuiu. Isso ampliou o acesso ao produto premium, inclusive para consumidores que antes não o consideravam.
O empresário Simon Castro, consumidor habitual de café, notou essa mudança:
“Com a diferença de preço menor, hoje priorizo a qualidade. Prefiro cafés de pequenos produtores, muitas vezes orgânicos ou artesanais, que custam praticamente o mesmo que os industrializados.”
Além da preocupação com a apresentação do produto, a Serra Cafés tem adotado estratégias de aquisição focadas em atrair novos clientes. Frete grátis e 10% de desconto na primeira compra têm se mostrado eficazes para vencer a resistência inicial.
“A etapa mais difícil é a primeira compra. Se a experiência for boa, tanto na entrega quanto na qualidade do café, o cliente volta mesmo sem desconto”, destaca Mariana.
Combinando qualidade, propósito, identidade visual e ações promocionais, as marcas de café têm encontrado caminhos para enfrentar a alta de preços sem perder competitividade no mercado.
Fonte: Portal do Agronegócio
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