Biológicos e Bioinsumos

Biorremediação se consolida como solução para reduzir impactos de defensivos agrícolas no solo

Solo saudável é fundamental para produtividade agrícola


Publicado em: 17/09/2025 às 13:30hs

Biorremediação se consolida como solução para reduzir impactos de defensivos agrícolas no solo

A agrônoma Carina Cardoso, coordenadora técnica de mercado da Nitro, destaca que o solo é um dos maiores patrimônios da agricultura, sendo o ambiente onde raízes, nutrientes, água e microrganismos interagem para sustentar o crescimento das plantas.

Embora o uso de defensivos agrícolas tenha permitido maior produtividade e proteção contra pragas e doenças, algumas moléculas químicas persistem no solo por anos, ligando-se à matéria orgânica ou às partículas de argila. Esse acúmulo pode afetar a microbiota do solo, reduzindo populações de microrganismos benéficos e comprometendo o equilíbrio natural.

Um exemplo é o glifosato, que, além de atuar como herbicida, pode interferir negativamente na atividade biológica do solo, prejudicando a saúde de microrganismos essenciais.

Pesquisas mostram impactos dos defensivos na microbiota do solo

Estudos realizados em solos brasileiros (Hapludult e Hapludox) indicaram que a aplicação de glifosato aumentou a respiração do solo (CO₂) entre 10 e 15% e a hidrólise de fluoresceína diacetato (FDA) entre 9 e 19%, alterando a composição microbiana — com aumento de actinomicetos e fungos e diminuição de bactérias. O estudo mostrou que microrganismos nativos degradaram o glifosato, formando o metabólito AMPA (PubMed).

Outra pesquisa, publicada na Revista Argentina de Microbiología e divulgada pelo ScienceDirect, mostrou que aplicações elevadas ou prolongadas de glifosato reduziram a biomassa fúngica, a riqueza de espécies cultiváveis e alteraram a estrutura das comunidades fúngicas do solo.

Biorremediação: alternativa sustentável para recuperar o solo

A biorremediação tem ganhado espaço como solução para mitigar os efeitos de defensivos agrícolas persistentes. A prática utiliza microrganismos ou compostos biológicos que aceleram a degradação de resíduos químicos, restabelecendo o equilíbrio do solo.

Fungos, bactérias, leveduras e extratos botânicos podem ser aplicados de forma direcionada, utilizando os resíduos químicos como fonte de energia e estimulando populações benéficas. Além disso, condicionadores de solo biológicos podem melhorar a estrutura, fertilidade e propriedades físicas do solo, promovendo um ambiente mais saudável para as culturas.

Soluções disponíveis no mercado brasileiro

No Brasil, já existem soluções práticas de biorremediação. Entre elas:

  • Bactérias do grupo Bacillus, que competem com patógenos e se adaptam rapidamente;
  • Fungos como Trichoderma, que fortalecem a saúde radicular e equilibram a microbiota;
  • Condicionadores de solo biológicos, que restauram a vitalidade do solo e melhoram suas características físicas e químicas.

A adoção dessas práticas não substitui os defensivos agrícolas, mas permite seu uso em conjunto com ferramentas biológicas, preservando a saúde do solo e evitando perdas silenciosas de produtividade.

Sustentabilidade e longevidade produtiva

A biorremediação já é uma realidade no campo e pode ser incorporada em diferentes culturas. Investir nessa estratégia significa apostar na sustentabilidade, na longevidade produtiva e na saúde do solo, garantindo que ele continue capaz de sustentar altas produtividades safra após safra.

Fonte: Portal do Agronegócio

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