Biológicos e Bioinsumos

Importância do condicionamento físico-químico-biológico do solo para sistemas de produção com mais rendimento e menos vulnerável a estresses ambientais e bióticos

As plantas cultivadas passam por períodos adversos ou de estresse ao longo do ciclo, podendo acontecer com maior ou menor frequência e/ou intensidade


Publicado em: 29/06/2022 às 08:30hs

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O fato é que em algum estágio fenológico da cultura teremos alguma condição adversa que diminuirá o potencial produtivo do cultivar. As condições contrárias para o bom desenvolvimento da lavoura são de origem abiótico e biótico, dentre os principais e com maior impacto destacamos: déficit hídrico, temperatura elevada ou geadas, compactação, deficiências nutricionais e patógenos que ocasionam dano econômico aos cultivos.

Melhorar o ambiente de produção faz toda diferença para reduzir danos devido a condições adversas, assim como alcançar novos patamares de rendimento. Trabalhar o sistema solo de forma equilibrada baseado nos pilares físico, químico e biológico é o caminho a seguir para proporcionar condição adequada para o crescimento da boca da planta (sistema radicular).

Quando nos referimos ao atributo físico é comum observarmos áreas com compactação, onde as camadas compactadas se encontram nos 15-25cm de profundidade. Nestas condições encontramos solos com pouca aeração (oxigênio - elemento essencial para o desenvolvimento de raízes), restrição física para o crescimento de raízes em profundidade e solos que infiltram e retém menos água. Solos com estas características são propícios para plantas mais vulneráveis a períodos de estiagem e ataque de patógenos. Sendo assim, uma das soluções mais viáveis e sustentáveis é trabalhar com plantas de cobertura e estimular o sistema radicular, pois o melhor descompactador de solos são as raízes. Vale destacar que, onde temos casos extremos de compactação, a intervenção mecânica é necessária.

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Em relação aos atributos químicos, devemos cuidar do teor e equilíbrio dos elementos no solo. Desde 1843, a lei do mínimo diz que o rendimento das culturas é limitado pelo nutriente com menor disponibilidade no solo, mesmo que os demais estejam disponíveis e no teor adequado. O produtor rural deve ter isso em mente e entender que adubação é diferente de disponibilidade e absorção, muitas vezes os nutrientes não se encontram na forma disponível ou não possui o veículo água (maioria dos elementos entram na planta através do fluxo de massa) para que ele seja absorvido, ou até por não termos o pH ideal para a maior disponibilidade da maioria dos nutrientes.

Sendo assim, a realização de análise química é fundamental para não desperdiçar e colocar apenas o que é preciso conforme teor dos nutrientes e quantidade de produção almejada, principalmente no cenário atual com preço dos fertilizantes em alta. Por outro lado, quanto mais volumoso (raízes secundárias – mais eficientes na absorção de água e nutrientes) e profundo o sistema radicular, maior a chance de absorção e interceptação daqueles elementos que são imóveis no solo. Segundo o Professor Elmar Floss estes são os nutrientes necessários para o adequado crescimento radicular: Ca, P, B, N, S, Zn e Mn.

Por último e não menos importante, a biologia do solo é essencial para atingir elevadas produtividades e reflete a saúde do solo no qual produzimos. Estes microrganismos ´terceirizam´ serviços para a planta disponibilizando e/ou liberando nutrientes, protegendo as raízes, exsudando substâncias que promovem o crescimento das plantas, formando agregados de solo, entre outros. Sendo assim, quando mais abundante e diverso for a microbiota do solo, mais sustentável e produtiva será nossa agricultura. O dever do produtor rural é cuidar dessa biologia que não é possível enxergar. Para termos uma ideia da abundância e importância, em apenas algumas gramas de solo podemos encontrar mais de dez mil espécies de microrganismos que trabalham pela planta em troca de alimento exsudado via sistema radicular (aprox. 20% da fotossíntese bruta).

Portanto, a construção de um solo baseado nesses três pilares tornam o sistema de produção mais sustentável, produtivo e menos vulnerável. As características química, física e biológica possuem interação direta, por isso, não devemos descuidar de nenhum desses aspectos interligados. 

Adrian Correa - Engenheiro Agrônomo e Coordenador de Desenvolvimento de Mercado da Fertiláqua

Fonte: Fertiláqua

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