Publicado em: 27/06/2025 às 10:50hs
O mercado brasileiro de trigo atravessa um cenário atípico: mesmo no período de entressafra, os preços seguem em queda. De acordo com a TF Agroeconômica, o recuo é resultado da combinação de excesso de oferta, demanda interna enfraquecida, importações aquecidas e valorização do real frente ao dólar, que barateia o trigo estrangeiro.
Rio Grande do Sul
O plantio da nova safra está praticamente paralisado devido às chuvas intensas, que já causam estresse fisiológico nas plantas e perdas localizadas. A comercialização da safra passada está travada, com embarques previstos apenas para agosto e preços entre R$ 1.330 a R$ 1.430 por tonelada. As exportações também estão recuadas, com preços girando em torno de R$ 1.280/t, enquanto a cotação da pedra em Panambi permanece em R$ 70/saca.
Os moinhos operam sob forte pressão, enfrentando margens apertadas devido ao dólar baixo e à concorrência do trigo importado.
Santa Catarina
A diferença de preço entre o trigo argentino (para dezembro) e o nacional está em apenas R$ 60/t, o que favorece o produto estrangeiro. A demanda interna segue enfraquecida, com estoques elevados e sobra de sementes, o que amplia a disponibilidade. Os preços pagos aos produtores permanecem estáveis:
Segundo a Conab, a produção do estado deve cair 6,3% em 2024, mesmo com aumento da área plantada, devido à queda na produtividade.
Paraná
A valorização do real frente ao dólar favoreceu ainda mais a entrada do trigo importado, especialmente do Paraguai e da Argentina, com preços CIF girando em torno de R$ 1.500 para agosto e dezembro.
A média de preços pagos ao produtor caiu 0,70%, chegando a R$ 78,70/saca, com lucro estimado em 7,03%, ainda positivo, mas em trajetória de queda.
De acordo com o Boletim de Conjuntura Agropecuária do Deral (Departamento de Economia Rural), o Paraná reduziu sua estimativa de área cultivada para 833 mil hectares, com previsão de colheita de 2,7 milhões de toneladas, desde que as condições climáticas se mantenham regulares. Até 23 de junho, 91% da área já havia sido semeada, com 99% das lavouras em condição boa.
Entretanto, a ocorrência de geadas nos dias 24 e 25 de junho pode alterar esse cenário. A geada do dia 25 foi mais abrangente e atingiu a região Norte, onde o fenômeno é menos comum. Como a antecipação da semeadura deixou grande parte das lavouras em fase reprodutiva (florescimento, emborrachamento e início do enchimento de grãos), há risco significativo de perdas.
Cerca de 91 mil hectares estão nessas fases sensíveis. O Deral alerta que os impactos reais das geadas só poderão ser avaliados nos próximos dias, com um novo boletim previsto para o dia 1º de julho, que trará mais detalhes sobre os efeitos da onda de frio.
Nas demais regiões do estado, 670 mil hectares estão em fase de desenvolvimento vegetativo, onde o frio pode trazer benefícios agronômicos, como controle de pragas e estímulo ao perfilhamento. Além disso, 72 mil hectares ainda devem ser plantados, favorecidos pela boa umidade no solo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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