Publicado em: 15/07/2014 às 17:20hs
Muita chuva caiu desde que escrevemos a análise BALANÇO DO TRIGO NO MERCOSUL, 2014 ANO DE EXCEDENTE , ainda em 28/05. Vemos que a situação de excedente não se alterou, mas as expectativas de plantio hoje são menores do que anteriormente, não só pelo efeito dos preços internacionais e dos maiores estoques, mas principalmente pelo clima.
FORA O BRASIL, QUAIS AS ESTIMATIVAS DE PLANTIO DE TRIGO NO MERCOSUL?
Em análise anterior, comentávamos sobre a probabilidade de aumento de área no trigo paraguaio, argentino, brasileiro e até uruguaio. Neste momento, a situação é um pouco diferente, e vejamos os porquês disso:
Argentina: com plantio ainda podendo ser finalizado com mais tempo, teve neste final de semana uma redução de estimativa de plantio por parte da Bolsa de Rosário, ainda que a bolsa local siga estimando aumento anual de área plantada em 17%.
As chuvas não permitiram principalmente as regiões à leste e Nordeste do país concluírem os trabalhos em tempo, sendo que a política de restrição das exportações (cotas) também faz com que haja estoques de trigo ainda sem negociar no Sul do país (principal região produtora), desestimulando os produtores locais.
Com estimativas de plantio entre 4,24-4,5 milhões de hectares e os estoques acumulados nesta safra, ainda se projeta excedente exportável em mais de 6 milhões de toneladas naquele país.
Clima nos próximos 15 dias é favorável à semeadura no sul do país. E os cultivos já semeados estão em boas condições.
Uruguai: Inicialmente USDA e CONAB previam aumento de plantio naquele país, algo que em nossa última análise já julgávamos pouco provável diante dos estoques de trigo acumulados no país.
Os estoques foram rebaixados de maio à junho (de 900 para pouco mais de 700 mil toneladas na última pesquisa local, sendo que 100 mil toneladas estão nos moinhos), mas o fato é que os preços baixos já na entressafra, e também o excesso de chuvas limitam as perspectivas do cultivo.
Segundo matérias recentes de especialistas e do governo local, a área em 2013 foi de 469 mil hectares e nesta safra não deve exceder 400 mil hectares, e quiçá até menos do que isso. Sendo que o mercado interno uruguaio necessitaria de 200 mil hectares para ser abastecido (500 mil toneladas máximo). Isso traria o excedente exportável para no mínimo 700 mil toneladas na safra nova.
Clima nos próximos 15 dias é de mais chuvas, sendo dificultado o final do plantio naquele país. Há reportes de regiões ao Norte do país onde 50% da previsão de plantio foi realizado.
Paraguai: com estimativa do governo local em 551 mil hectares no último ano, segundo nossa consulta hoje pela manhã, temos agentes de governo estimando 500 mil hectares (-10%), e uma produção (desde que sem geadas) em 1,4 milhão de toneladas.
Este excedente exportável paraguaio é muito significativo se confirmado para o mercado nacional, principalmente se verificarmos a grande penetração dos produtos deste país no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul
Até a última semana, havia regiões ao sudoeste do país que receberam chuvas muito expressivas e com isso estavam alagadas. Porém agentes de governo e jornais locais não apontam perdas já ocorridas às lavouras locais. Ainda que o Norte do país deva receber nas próximas 2 semanas cerca de 300-600% mais chuva do que o normal para o período, dependendo da localidade.
QUANTO DE TRIGO NO MERCOSUL EM 2014?
Diante dos dados acima coletados, ainda que tenhamos todo este problema de excesso de chuvas no plantio aos países do MERCOSUL, a área estimada ainda seria de 5,175 milhões de toneladas no mínimo, resultando em aumento anual nos países que não o Brasil em 12% de área plantada. Gerando um excedente exportável mínimo de 7,6 milhões de toneladas.
O Brasil necessitaria de 5,5 milhões de toneladas de trigo na safra nova segundo a CONAB e 6,5 milhões de toneladas de trigo + farinhas de trigo segundo o USDA. Lembrando que também o Brasil teria um excedente exportável com o volume de 7,4 milhões de toneladas estimadas pela CONAB atualmente.
Único atenuante neste caso seria a qualidade, já que também o El Niño ainda pode atormentar os produtores da região no momento de colheita.
Fonte: AF News Análises
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