Publicado em: 03/11/2025 às 11:10hs
Os preços do trigo apresentaram forte volatilidade nos últimos dias, refletindo os impactos climáticos em importantes regiões produtoras e as expectativas dos investidores. De acordo com a TF Agroeconômica, fatores como geadas na Argentina e seca nas áreas de trigo de inverno dos Estados Unidos sustentaram a recuperação das cotações na Bolsa de Chicago (CBOT).
Na sexta-feira (31), os contratos futuros de trigo encerraram o pregão em alta, impulsionados pelas preocupações com o avanço da seca no leste do Corn Belt norte-americano. Estados como Ohio, Indiana, Illinois e Missouri registraram bolsões de seca extrema, segundo o monitoramento climático mais recente.
Os contratos para dezembro/2025 subiram 1,85%, sendo negociados a US$ 5,34 por bushel, enquanto os de março/2026 avançaram 1,48%, a US$ 5,48½ por bushel. No acumulado de outubro, a posição dezembro registrou alta de 5,11% e ganho semanal de 4,19%.
Apesar da recuperação, o avanço foi limitado por fatores como a valorização do dólar e a abundante oferta global, especialmente após o aumento das exportações russas e a boa safra francesa. O contrato ZWZ2025 encontrou resistência técnica em US$ 535, segundo a consultoria.
Entre os principais fatores de baixa observados no mercado internacional, destaca-se o avanço das exportações da Rússia, que atingiram 5,1 milhões de toneladas em outubro, superando a média histórica e atendendo à forte demanda de países como Egito e Turquia.
Essa ampliação da oferta externa ajudou a conter a valorização do trigo nos mercados futuros, mantendo o equilíbrio entre a demanda global e os estoques disponíveis.
No mercado brasileiro, as cotações permaneceram estáveis após semanas de queda, com o trigo negociado em média a R$ 1.050 por tonelada (FOB) no Rio Grande do Sul e R$ 1.150 por tonelada no Paraná.
A TF Agroeconômica ressalta que a situação das lavouras no Sul do país ainda inspira cautela. O risco de chuvas durante a colheita pode comprometer a qualidade dos grãos, o que levaria a um aumento da dependência de trigo importado e, consequentemente, maiores custos para moinhos e pressão sobre o mercado de farinhas.
Caso a quebra de qualidade no Rio Grande do Sul se confirme, os preços locais podem ser pressionados, enquanto o trigo paranaense tende a valorizar-se no curto prazo.
No longo prazo, a maior utilização de trigo importado pode servir de sustentação aos preços internos, especialmente se a produção nacional apresentar perdas expressivas. Há ainda rumores de compras chinesas, o que adiciona incertezas às projeções de oferta global.
Entretanto, moinhos com menor capacidade financeira podem enfrentar dificuldades diante da redução de margens, sendo forçados a vender farinhas a preços mais baixos, o que pode comprometer a rentabilidade de toda a cadeia.
Fonte: Portal do Agronegócio
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