Publicado em: 06/10/2025 às 11:10hs
O mercado de trigo no Brasil permanece estável, influenciado pela ampla oferta e por desafios climáticos e logísticos que impactam a formação de preços. De acordo com a TF Agroeconômica, no Paraná, os valores não devem registrar alta expressiva enquanto houver disponibilidade do cereal, com expectativa de recuperação mais consistente apenas a partir de fevereiro, quando a entressafra mundial tende a afetar o mercado global.
Entre os principais pontos de atenção estão chuvas excessivas, ocorrência de granizo, giberela, acamamento e custos elevados de frete, além da influência do dólar sobre a competitividade do trigo brasileiro.
No Rio Grande do Sul, a expectativa é de retração nos preços até que as exportações consigam absorver o excedente da safra. O piso provável do trigo gaúcho é estimado em R$ 1.000 por tonelada FOB interior — patamar abaixo do qual o produtor tende a reter a produção.
Historicamente, cerca de 60% da safra é comercializada até o final de dezembro, mas o ritmo de vendas dependerá da disponibilidade de crédito para o próximo ciclo produtivo.
A Argentina segue como peça estratégica para o abastecimento brasileiro, já que grande parte do trigo importado vem do país vizinho. Questões econômicas, políticas e cambiais podem levar o governo argentino a adotar novas isenções de tarifas de exportação, o que exigirá atenção redobrada dos produtores brasileiros na definição de estratégias de venda ou proteção da safra.
Segundo analistas da TF Agroeconômica, o momento atual é visto como uma fase de suporte, já que fatores baixistas recentes não conseguiram pressionar os preços além de certos limites. A corretora Zaner projeta uma recuperação gradual das cotações à medida que o mercado internacional entre na entressafra.
No mercado externo, as cotações do trigo em Chicago registraram leve queda na semana encerrada em 2 de outubro, conforme análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema).
O bushel foi negociado a US$ 5,14, ante US$ 5,19 da semana anterior. Mesmo com o recuo semanal, a média de setembro fechou em US$ 5,13, alta de 0,98% em relação a agosto. No mesmo mês de 2024, o preço médio era de US$ 5,70 por bushel.
O relatório trimestral de estoques norte-americano, com dados de 1º de setembro, indicou aumento de 6% em relação ao ano anterior. Já o plantio do trigo de inverno nos Estados Unidos atingiu 34% da área prevista, ligeiramente abaixo da média histórica de 36%. A colheita do trigo de primavera já foi concluída.
Na Ucrânia, o Ministério da Economia anunciou que a área semeada com trigo de inverno será 9% maior que a estimativa inicial, alcançando 5,2 milhões de hectares. O crescimento deve ocorrer com a redução das áreas de milho e girassol, mantendo ainda 200 mil hectares destinados ao trigo de primavera.
A produção total de trigo ucraniano em 2025 deve atingir 22,5 milhões de toneladas, com exportações estimadas em 15,7 milhões de toneladas no período de junho de 2024 a julho de 2025.
Já na Rússia, a consultoria SovEcon revisou para baixo as exportações de trigo do ciclo 2025/26, agora projetadas em 43,4 milhões de toneladas, uma queda de 300 mil toneladas em relação à estimativa anterior. Entre julho e setembro, o país exportou 11 milhões de toneladas, o volume mais baixo para o início de ano comercial desde 2022/23, período marcado pelos impactos da guerra com a Ucrânia.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias