Publicado em: 14/10/2025 às 11:10hs
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) analisados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Esalq-USP), o preço médio do trigo importado pelo Brasil atingiu, em setembro, o menor nível desde novembro de 2020. A tonelada do cereal foi negociada a US$ 230,09, equivalente a R$ 1.235,12, considerando o câmbio médio de R$ 5,368 no período.
Enquanto isso, a média do trigo nacional no Rio Grande do Sul ficou em R$ 1.259,39/t, o que demonstra maior competitividade do produto importado em relação ao brasileiro.
Ainda segundo o Cepea, o Brasil importou 568,98 mil toneladas de trigo em setembro, acumulando 5,249 milhões de toneladas no ano — o maior volume para o período desde 2007. Com a forte concorrência externa, os pesquisadores apontam que as negociações domésticas seguem lentas e os preços permanecem pressionados.
O mercado nacional de trigo começou a semana sem grandes movimentações e com preços em queda, principalmente no Rio Grande do Sul e Paraná, conforme relatório da TF Agroeconômica. A desvalorização do dólar e as chuvas recentes contribuíram para a retração dos negócios, enquanto os moinhos mantêm postura cautelosa diante da retomada gradual da colheita.
No Rio Grande do Sul, as precipitações do fim de semana variaram entre 3 mm e 60 mm, sem causar grandes danos às lavouras. Com o retorno do sol e dos ventos, a colheita foi retomada em algumas regiões. Ainda assim, o mercado permaneceu praticamente parado, influenciado pela queda do dólar.
As indicações de exportação estão em torno de R$ 1.180,00/t para entrega em novembro, enquanto vendedores pedem R$ 1.200,00/t com pagamento antecipado. Os moinhos seguem fora das compras, e os volumes destinados à exportação e moagem somam cerca de 220 mil toneladas, bem abaixo das 330 mil do mesmo período do ano anterior.
Nos preços internos, as cotações seguem em leve baixa, com a saca sendo negociada a R$ 60,00 nas Missões e R$ 62,00 em Panambi.
Em Santa Catarina, a colheita avança nas lavouras mais precoces, mas ainda sem movimentação expressiva de vendas. Os produtores pedem cerca de R$ 1.250,00 FOB pelo trigo novo — valor próximo ao que os moinhos oferecem CIF, o que tem limitado os negócios.
O último registro foi um pequeno lote de trigo branqueador do Cerrado vendido a R$ 1.600 CIF. Nas praças catarinenses, os preços da saca recuaram para R$ 64,00 em Canoinhas e Xanxerê, mantiveram-se em R$ 62,00 em Chapecó e caíram para R$ 70,50 em Joaçaba.
No Paraná, o avanço da colheita tem ampliado o abastecimento dos moinhos, que encontram trigo novo a preços mais competitivos. As ofertas variam entre R$ 1.220 e R$ 1.280 por tonelada, dependendo da região.
Já o trigo importado, especialmente o paraguaio e o argentino, mantém valores entre US$ 230 e US$ 269/t, mas a valorização do real (+2,38%) encareceu as importações.
Os preços pagos aos produtores paranaenses recuaram 2,52% na semana, com média de R$ 64,94 por saca, o que amplia o prejuízo, considerando o custo de produção estimado pelo Deral em R$ 74,63.
Com o baixo preço do trigo importado e a pressão sobre as cotações internas, o cenário é de cautela para os produtores brasileiros. A concorrência com o produto externo, somada à valorização cambial e ao avanço da colheita no Sul, tende a manter o mercado interno com pouca liquidez e margens estreitas nas próximas semanas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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