Publicado em: 18/07/2025 às 10:21hs
O mercado de trigo no Sul do Brasil continua sob forte pressão, segundo análise da consultoria TF Agroeconômica. Entre os principais fatores estão a sobra de estoques da safra passada, a retração da demanda por farinha e a resistência dos compradores em aceitar os preços pedidos pelos vendedores.
No Rio Grande do Sul, o trigo pão foi negociado a R$ 1.380 FOB, porém os moinhos demonstram cautela, reduzindo as compras após cada operação. A ampla oferta de matéria-prima nesta época do ano contribui para a manutenção de preços baixos e margens estreitas para os vendedores. Para a nova safra, vendedores pedem R$ 1.250 no interior, principalmente na região norte, enquanto compradores oferecem R$ 1.200, sem sucesso nas negociações. As cotações de exportação para dezembro giram em torno de US$ 230 por tonelada no porto de Rio Grande, valor que representa cerca de R$ 1.128 no interior — o que torna as exportações inviáveis. Em Panambi, o preço da saca permaneceu em R$ 70,00 ao produtor.
Em Santa Catarina, o mercado segue praticamente paralisado. Um único lote de trigo branqueador foi negociado a R$ 1.550 FOB do RS para SC. Os preços estão travados entre R$ 1.330 e R$ 1.360 FOB, pressionados pela elevada oferta gaúcha. Além disso, há uma estimativa de queda de 20% na venda de sementes em relação ao ano anterior, o que corrobora a projeção da Conab de uma redução de 6,3% na produção estadual, mesmo com o aumento de 2% na área cultivada.
No Paraná, o cenário é semelhante. A lentidão nas negociações é atribuída ao excesso de grãos da safra anterior e à proximidade da colheita da nova safra. Os vendedores pedem R$ 1.500 FOB pelo trigo tipo 1, enquanto os compradores oferecem R$ 1.450 CIF, o que impede o fechamento de negócios. O preço médio pago aos produtores caiu 0,36% na semana, ficando em R$ 77,14 por saca. Apesar do recuo, a atividade ainda apresenta rentabilidade positiva, com o lucro médio do triticultor paranaense caindo de 5,29% para 4,91%.
No cenário internacional, os preços do trigo também apresentaram queda. Na Bolsa de Chicago, o contrato para o primeiro mês recuou de US$ 5,50 para US$ 5,33 por bushel na última semana. Segundo o CEEMA, o relatório mais recente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve a estimativa de produção americana em 52,5 milhões de toneladas e os estoques finais em 24,2 milhões.
Entretanto, o destaque ficou por conta da Rússia, que enfrenta atraso na colheita. Até 11 de julho, o país havia colhido apenas 11 milhões de toneladas, em comparação às 24,8 milhões no mesmo período do ano passado. Além disso, a produtividade das lavouras está abaixo do esperado.
Apesar do atraso na Rússia, os preços seguem pressionados globalmente devido à ampla oferta. A produção mundial foi mantida em 808,6 milhões de toneladas, com estoques finais levemente reduzidos para 261,5 milhões de toneladas, ante os números de junho.
No Brasil, os preços permanecem estagnados, refletindo a competitividade dos grãos importados e a demanda ainda fraca dos moinhos. A nova safra brasileira, impactada por perdas no Paraná e pela redução da área semeada, está estimada em apenas 7,81 milhões de toneladas, o que pode aumentar a dependência de trigo importado nos próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio
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