Publicado em: 09/06/2014 às 13:50hs
A perspectiva de aumento na produção brasileira de trigo na próxima safra não enfraquece a demanda das indústrias locais pelo cereal oriundo dos Estados Unidos. Mesmo sem o “desconto” de 10% garantindo pelo governo em 2013 — quando houve isenção de cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) — o ritmo das compras ainda é forte. Divulgado ontem (05), o último relatório de exportações semanais do Departamento de Agricultura norte-americano, o Usda, aponta que só entre os dias 15 e 29 de maio deste ano mais de 195 mil toneladas relativas próxima safra foram adquiridas. Com isso, as compras referentes ao próximo ciclo já passam de 300 mil toneladas.
As aquisições futuras são motivadas pelas recentes perdas acumuladas na cotação do cereal na Bolsa de Chicago (CBOT) e pelo período de entressafra sul-americano, indicam os analistas. A boa qualidade do trigo dos Estados Unidos é outro fator que estimula a antecipação das compras pela indústria, indica o analista da Safras & Mercado Élcio Bento. “Mesmo sem a isenção da TEC, os EUA oferecem condição bem atrativa e tem sido uma opção bastante acessível”, explica. Com um consumo interno próximo de 12 milhões de toneladas, o Brasil depende das importações do cereal para suprir a demanda interna.
A maior parte do produto importado fica com os moinhos do Norte e Nordeste do Brasil. A proximidade facilita a logística e faz com que o cereal seja mais barato do que o embarcado na Argentina, que também fornece matéria-prima para as indústrias brasileiras.
Inversão
Historicamente a demanda doméstica pelo cereal norte-americano costuma ser baixa, já que o produto argentino é isento de TEC e acaba custando menos à indústria brasileira. O cenário começou a se inverter no ano passado, quando o governo da Argentina decidiu restringir as exportações, limitando a oferta. Aliado a isso, fatores climáticos comprometeram parte da produção brasileira, exigindo a busca de novos mercados.
Para evitar a escassez interna, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao MDIC, estendeu para fora do Mercosul a isenção da TEC, abrindo espaço à produção oriunda do Hemisfério Norte. Com isso, os EUA foram o principal fornecedor do Brasil em 2013, com embarques que somaram 3,4 milhões de toneladas. Já no acumulado de janeiro a abril, mais de 2 milhões de toneladas já foram importadas, indicam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Fonte: Gazeta do Povo
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