Aveia, Trigo e Cevada

Trigo brasileiro enfrenta queda de produção, mas Rio Grande do Sul mantém foco nas exportações

Produção nacional de trigo deve cair 6,5% em 2024/25


Publicado em: 09/10/2025 às 11:40hs

Trigo brasileiro enfrenta queda de produção, mas Rio Grande do Sul mantém foco nas exportações
Foto: Gui Benck

A produção de trigo no Brasil deve registrar uma retração de 6,48% na safra 2024/25, totalizando 7,38 milhões de toneladas, contra 7,88 milhões na temporada anterior. Os dados, divulgados pela TF Agroeconômica, indicam um cenário heterogêneo entre os estados, com algumas regiões sofrendo reduções expressivas, enquanto outras apresentam avanços importantes.

No Rio Grande do Sul, maior produtor do país, a colheita deve cair 18,24%, passando de 3,91 milhões de toneladas para 3,2 milhões. A redução também atinge Santa Catarina, que deve recuar 18,71%, com produção estimada em 374,5 mil toneladas. Já em estados do Centro-Oeste, como Goiás e Bahia, as perdas chegam a 25,4% e 34,21%, respectivamente, refletindo desafios climáticos e de manejo agrícola.

Por outro lado, o Mato Grosso do Sul deve se destacar com um crescimento expressivo de 88,19%, alcançando 84,5 mil toneladas. O aumento é atribuído às boas condições climáticas e aos investimentos em tecnologia. Paraná, Distrito Federal e Minas Gerais também registram crescimento, com elevações de 12,78%, 15,62% e 4,37%, respectivamente.

Rio Grande do Sul direciona produção para exportação

Mesmo com a expectativa de queda na colheita, o Rio Grande do Sul segue com o mercado voltado principalmente para exportações. Segundo a TF Agroeconômica, cerca de 140 mil toneladas já foram negociadas — volume considerado baixo diante do potencial produtivo estadual, estimado entre 2,7 e 3,2 milhões de toneladas.

As operações ocorrem com valores próximos de R$ 1.160,00 por tonelada sobre rodas no porto de Rio Grande, o que equivale a R$ 1.000,00 no interior. A diferença, causada pelo aumento do frete, gera uma distorção nos preços da saca: enquanto o valor teórico deveria estar em torno de R$ 58,00 em Panambi, o mercado ainda opera a R$ 64,00.

Os moinhos permanecem retraídos nas compras, aguardando preços mais atrativos, enquanto produtores devem intensificar as vendas conforme a colheita avança. No mercado interno, há ofertas de R$ 1.050,00 por tonelada para embarques entre outubro e novembro, mas sem grande demanda. Assim, as cotações seguem em queda, com médias de R$ 61,00/saca nas Missões e R$ 64,00 em Panambi.

Condições climáticas favorecem avanço da colheita no Sul

O clima apresentou melhora entre terça e quarta-feira no Rio Grande do Sul, o que permitiu o avanço das colheitas antes da chegada de novas chuvas previstas para o fim de semana. A expectativa é que os trabalhos avancem de forma mais intensa nos próximos dias, ainda que com variações regionais.

Em Santa Catarina, o trigo argentino recuou para US$ 207/t FOB Up River, enquanto produtores locais pedem cerca de R$ 1.250,00/t FOB, o que mantém o mercado interno pouco competitivo. No Paraná, as chuvas têm afetado a qualidade de parte da safra, com queda semanal de 2,04% nos preços ao produtor, para R$ 66,62/saca. Mesmo com custos médios de R$ 74,63/saca, o uso do mercado futuro ainda é apontado como uma alternativa para garantir rentabilidade em momentos estratégicos.

Perspectivas e desafios para o setor tritícola

O cenário nacional revela um mercado de trigo em transição, com produtores adaptando estratégias diante da queda de produtividade e das incertezas climáticas. A combinação de menor produção, retração da demanda interna e maior foco nas exportações deve definir o comportamento dos preços nos próximos meses.

Enquanto o Rio Grande do Sul concentra seus esforços no comércio exterior, estados do Centro-Oeste apostam em crescimento tecnológico para ampliar a competitividade. O equilíbrio entre oferta, qualidade e rentabilidade será determinante para o desempenho da safra e para o planejamento da próxima temporada.

Fonte: Portal do Agronegócio

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