Publicado em: 01/09/2025 às 18:20hs
A 17ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (2025) destacou o avanço do trigo para regiões fora do Sul do país, sinalizando seu potencial estratégico. Iniciadas em 1969, as pesquisas visam reduzir a dependência de importações, principalmente da Argentina e dos Estados Unidos, ainda expressivas no mercado nacional.
Historicamente concentrado em Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o trigo agora cresce no Cerrado e até no Norte do Brasil. Em Cristalina (GO), um produtor registrou, em 2021, produtividade recorde de 9.630 kg/ha em 101 hectares irrigados com a variedade BRS 364, valor acima da média nacional.
Segundo a Embrapa Trigo, experiências como essa confirmam o potencial da cultura no Centro-Oeste. A variedade BRS 264 está sendo testada em lavouras irrigadas de grande escala, com colheita prevista para setembro, visando a multiplicação de sementes adaptadas ao Cerrado.
“Estamos diante de uma nova fronteira agrícola para o cereal. A adaptação ao clima do Brasil Central pode transformar o trigo em cultura estratégica nessas regiões”, afirma o pesquisador Gilberto Cunga.
Apesar dos avanços, o cultivo enfrenta obstáculos, como o acamamento das plantas, que pode ser controlado com redutores de crescimento. A Comissão também desenvolve soluções específicas para cinco regiões do país, considerando acidez do solo, precipitação e sistemas de irrigação.
Outra inovação é o uso do trigo para produção de etanol. Duas plantas industriais no Sul já realizam testes, ampliando as oportunidades de mercado além da panificação.
“O trigo brasileiro precisa ser visto não só como alimento, mas também como insumo energético e para alimentação animal. Essa diversificação pode aumentar a rentabilidade e atrair novos investimentos”, avalia Cunga.
A consolidação do trigo no Cerrado e outras regiões do Centro-Oeste pode reduzir a dependência de importações, fortalecer o agronegócio e gerar novas oportunidades de mercado interno e externo.
A expectativa é que, com tecnologia, irrigação e novas cultivares, seja possível ampliar a área plantada, tornando o trigo uma opção viável de rotação de culturas em regiões dominadas por soja e milho.
Fonte: Portal do Agronegócio
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