Aveia, Trigo e Cevada

Trigo Argentino Ganha Espaço no Brasil Após Milei Zerar Imposto e Pressiona Produtores Nacionais

A decisão do governo argentino de eliminar temporariamente o imposto de exportação sobre grãos deve intensificar ainda mais as compras de trigo argentino pelos moinhos brasileiros, aumentando a pressão sobre os preços pagos aos agricultores locais


Publicado em: 25/09/2025 às 10:10hs

Trigo Argentino Ganha Espaço no Brasil Após Milei Zerar Imposto e Pressiona Produtores Nacionais

Argentina Consolida Liderança nas Exportações ao Brasil

Tradicional fornecedor do Brasil, a Argentina já domina o mercado em 2025. De janeiro a agosto, os moinhos brasileiros importaram 3,66 milhões de toneladas de trigo argentino, de um total de 4,68 milhões de toneladas vindas de todas as origens, segundo dados oficiais.

O volume representa alta de 24% em relação ao mesmo período de 2024, alcançando o maior nível anual até agosto desde 2021, quando somou 3,8 milhões de toneladas. O avanço é explicado pela ampliação da safra argentina, enquanto a produção brasileira foi prejudicada pelo clima no último ano.

Redução de Imposto e Efeitos no Mercado

O imposto de exportação de trigo na Argentina, que antes era de 9,5%, foi zerado pelo governo de Javier Milei em busca de maior entrada de divisas no país. A medida também tem incentivado vendas externas de soja para a China.

Para Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), a mudança é desfavorável aos produtores brasileiros:

“Com a redução do imposto, a tendência é aumentar as compras da Argentina em detrimento de outros países. Para os produtores nacionais de trigo, o impacto deve ser negativo, pois os preços têm ficado próximos à paridade de importação.”

Preços em Queda no Mercado Interno

Segundo o Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná, o trigo argentino, já mais competitivo, ganhou ainda mais espaço após a medida, pressionando as cotações locais.

No Paraná, os preços caíram mais de 9% em setembro, chegando a R$ 1.275 por tonelada, de acordo com o Cepea. O analista Carlos Hugo Godinho, do Deral, reforça que a situação soma-se a outros fatores já negativos, como a boa safra mundial, a valorização do real frente ao dólar e a elevada colheita argentina.

“Está tudo pressionando agora”, destacou Godinho.

Um comprador de trigo de um grande moinho paulista, que preferiu não se identificar, disse que o preço no mercado argentino caiu entre US$ 2 e US$ 3 por tonelada desde o anúncio. Segundo ele, há cautela diante da expectativa de uma safra abundante, o que pode trazer novas quedas.

Impactos na Safra Brasileira

Para os produtores nacionais, o cenário é preocupante. “A medida argentina é um desastre para o agricultor brasileiro, pois adiciona mais pressão sobre o mercado justamente em momento de colheita”, comentou Godinho.

O Paraná, segundo maior produtor do país, já colheu 41% da área cultivada. De acordo com Turra, da Ocepar, a expectativa é de uma safra maior do que a anterior, mesmo com a queda de 25% na área plantada, reflexo do desestímulo causado pelos preços baixos e por perdas climáticas em anos recentes.

Fonte: Portal do Agronegócio

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