Aveia, Trigo e Cevada

TRIGO: Área no Paraná deve crescer 20%

Renegado há alguns anos no Estado, reflexo da falta de liquidez, preços não muito convidativos e qualidade abaixo da exigida pelos moinhos, o trigo deve voltar a registrar aumento de área em terras paranaenses nesta safra de inverno


Publicado em: 10/03/2014 às 10:30hs

TRIGO: Área no Paraná deve crescer 20%

Levantamentos de custos de produção realizados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e também estudos feitos pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura (Seab), mostram que a cultura tem potencial de expansão, inclusive sobre as áreas do milho safrinha.

Deral - Números do Deral do dia 24 de fevereiro já confirmam que a área do milho sofreu retração em comparativo à safra 2012/13. A área – que já está 57% plantada – deve cair de 2,1 milhões de hectares para 1,9 milhão de hectares, uma queda de 12%. Já a produção deve retrair algo em torno de 2%, fechando em 10 milhões de toneladas.

Números - Os números do trigo ainda não foram divulgados, mas o técnico do Deral, Hugo Godinho, prevê um aumento de área em torno de 20%. O cereal pode substituir o milho em algumas áreas - como no Norte e Oeste do Estado – e em outras apenas expandir, como acontece no Sul, região onde não se planta milho segunda safra. "Vale dizer que o produtor faz um planejamento antecipado sobre qual cultura vai optar. Em novembro, o preço do trigo era 2,8 vezes maior que o do milho e, segundo nossos cálculos, a partir de 2,1 vezes, ele já pode pensar em optar pelo cereal. Não há dúvidas que teremos uma expansão do trigo nesta temporada", relata ele.

Rentabilidade - Os cálculos do Cepea mostram que a rentabilidade do trigo chega a 30% sobre os custos operacionais, enquanto a do milho apresentou margem negativa de 17%. Para esse resultado, foram considerados os valores médios pagos pelos insumos e também os de venda da produção referentes aos meses de novembro de 2013 a janeiro deste ano. Mesmo ao se computar os custos totais (operacionais e fixos), o trigo aponta igualdade com a receita total, enquanto para o milho, sobre o custo total, as margens negativas são ampliadas.

Produtividade - Para o trigo, na região Norte do Paraná, tomou-se como base uma produtividade média de 47,52 sacas (sc) por hectare. Os dados médios apontam que o custo operacional da lavoura seria de R$ 32,59/sc em janeiro e que considerando um preço médio de R$ 42,50/sc de 60 kg, geraria rentabilidade de 30,4%. Para o milho segunda safra, na mesma localidade, o custo operacional seria de R$ 22,32/sc, para uma produtividade de 74,38 sc/ha. Com preço médio de R$ 18,54/sc de 60 kg, a rentabilidade seria negativa, em 17%. "Na média, o trigo apresentava valores fortes no mercado doméstico e o no papel ele parece rentável. Entretanto, o produtor sabe qual é a melhor cultura para sua condição, já que o milho tem muito maior liquidez. A negociação do trigo geralmente é complicada com os moinhos, que também batem muito forte na questão de qualidade", complementa Mauro Osaki, pesquisador do Cepea.

Coeficientes técnicos- Esses resultados levaram em conta a produção dos dois cereais nas regiões paranaenses de Cascavel e Londrina. A simulação baseou-se em coeficientes técnicos (doses de insumos e produtividades) da safra 2012/13 levantados pela equipe do Cepea junto a produtores e consultores das praças estudadas, com a metodologia denominada "painel", na qual se define uma propriedade padrão local.

Dependência - O Brasil não é autossuficiente e necessita importar pelo menos metade do trigo necessário para atendimento do consumo doméstico. Nos últimos anos, apenas medidas paliativas foram tomadas para suprir as necessidades mais urgentes, sem readequar a produção da cultura à demanda interna. A histórica dificuldade de comercialização do trigo e a falta de apoio governamental são os principais fatores que fazem com que o produtor migre cada vez mais para a produção do milho de segunda safra.

Fonte: Folha Web

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