Publicado em: 28/07/2014 às 09:30hs
Em um momento que voltamos a ouvir na imprensa sobre o pleito de um maior volume liberado de isenção da importação de trigo sem cobrança da TEC, ainda que velado; destacamos hoje os embarques de trigo americano no período pós aprovação da isenção e o quanto de trigo já estaria comprado daquela origem. Observamos efeitos indiretos da isenção atual na comercialização do trigo nacional.
Dados do USDA divulgados hoje pela manhã, nos mostraram que de 11 a 18/07, o Brasil comprou 47,3 mil toneladas de trigo americano, sendo 15,2 mil toneladas de trigo hard (comparável ao trigo pão) e 32,1 mil toneladas de trigo soft (trigo brando ou doméstico, segundo nossa classificação).
Assim sendo, no ano safra americano (01/06 a 31/05) tivemos a compra de 1,002 milhão de toneladas por parte de moinhos brasileiros, sendo que 599,4 mil toneladas já foram embarcadas e outras 403,5 mil toneladas ainda restam por ser embarcadas.
Logo, em teoria, já teríamos a totalidade da cota importável sem pagamento de TEC liberada. Porém o anúncio da isenção ocorreu em 25/06, sendo que a viagem do trigo americano dura entre 15 a 25 dias aos portos brasileiros. Assim sendo, podemos assumir que o que vier embarcado desde os portos do EUA até 31/07 (desde que com destino ao Nordeste) ainda terá chance de chegar dentro da cota isenta.
Avaliando os dados oficiais de volumes de exportações dos EUA nas últimas semanas, teríamos apenas 311 mil toneladas embarcadas ao Brasil desde o anúncio da isenção (dados de 26/06 até 17/07), sendo que se considerarmos o período de 15 dias antes (dados de 12/06 a 17/07) temos o embarque de 530 mil toneladas.
Quando avaliamos a influência das isenções de TEC e das importações no mercado de trigo nacional, sempre temos de ter em mente que necessita-se a compra de trigos melhoradores e/ou com características específicas que ainda não são encontradas em grande quantidade pelo mercado brasileiro.
No entanto, se temos um excedente de trigo predominantemente entre trigo pão e doméstico no Rio Grande do Sul, e na abertura da TEC vemos que os moinhos buscaram também trigo soft americano, ai já tivemos uma influencia sobre a comercialização do trigo nacional, que poderia ser demandado nos preços atuais com maior competitividade pelo moinhos do Norte e Nordeste.
Dentre os embarques até aqui no ano safra americano, exatamente 109,2 mil toneladas de trigo soft foram embarcadas ao Brasil e outras 30 mil toneladas restam por entregar.
O trigo do Norte do Paraná, que será o primeiro a ser colhido no Estado, tem reconhecida aptidão panificável, sendo demandado por moinhos paulistas e mineiros em um passado próximo para este fim, servindo em adição aos estoques acumulados de trigo americano e argentino para confecção de farinhas panificáveis.
Algo que seria inibido (compras do Sudeste e até Nordeste, este via auxílio do governo) diante da extensão do período de isenção da TEC, e somente se justificaria, diante de algum fenômeno climático ou observação fitossanitária que desabonasse a qualidade do trigo local. Logo, a decisão deveria ser muito mais técnica do que política, sob pena de limitar a evolução recente dos ganhos de área pela cultura do trigo no Brasil.
Fonte: AF News Análises
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