Publicado em: 20/10/2025 às 11:20hs
O mercado de trigo vive um momento de grandes oportunidades para quem acompanha de perto as oscilações de preços e sabe estruturar estratégias financeiras. Segundo análise da TF Agroeconômica, operações como a estratégia de Straddle — que consiste na compra e venda simultânea sobre o mesmo strike — poderiam ter gerado lucros expressivos para moinhos e compradores.
As variações recentes já proporcionaram ganhos estimados em R$ 350 mil a cada 3,5 mil toneladas adquiridas no mercado físico. Projetando-se esse desempenho para os próximos nove meses, o lucro acumulado poderia ultrapassar R$ 3,1 milhões, segundo a consultoria.
Entre os fatores que sustentam a alta do trigo estão a redução nas exportações da Ucrânia, que registraram queda de 20,76% entre julho e outubro, e o baixo nível dos preços internacionais, que tem estimulado a compra de grandes volumes por países importadores, como Turquia e Arábia Saudita.
Por outro lado, a ampla oferta global e a proximidade da colheita no Hemisfério Sul exercem pressão sobre as cotações, exigindo que os fornecedores mantenham competitividade. Em Chicago, o trigo chegou a registrar novas mínimas, mas se recuperou com a cobertura de posições vendidas e a retenção de estoques pelos produtores norte-americanos. No Brasil, a valorização do dólar frente ao euro e o avanço da colheita, especialmente no Paraná, têm mantido os preços internos estáveis.
Diante desse cenário, a TF Agroeconômica ressalta que capacitação e conhecimento técnico são fundamentais para aproveitar as oportunidades. Estratégias de proteção e cursos especializados permitem que moinhos e compradores transformem a volatilidade em ganhos reais, mesmo no curto prazo.
O estado de São Paulo deve registrar uma das melhores colheitas de trigo dos últimos anos. A Câmara Setorial do Trigo projeta que a safra de 2025 ultrapasse 400 mil toneladas, superando as estimativas iniciais de 350 mil.
De acordo com Nelson Montagna, presidente da Câmara, o resultado reflete as condições climáticas favoráveis e os avanços genéticos das cultivares, que garantiram alta produtividade e grãos de excelente qualidade. Já o presidente do Sindustrigo, Max Piermartiri, destacou que a combinação entre tecnologia e clima positivo impulsionou o desempenho das lavouras.
Apesar do avanço, o estado ainda produz menos do que consome — a demanda anual paulista gira em torno de 3 milhões de toneladas, enquanto a produção local atende a apenas cerca de 13% desse total. Isso reforça a dependência de importações e a necessidade de logística eficiente para o abastecimento regional.
Montagna também ressaltou o potencial da sobressemeadura, prática que consiste em semear o trigo após o milho, aproveitando o mesmo solo e insumos. O método pode gerar rendimentos elevados e otimizar o uso da terra, com ciclos produtivos de até 75 dias.
No Rio Grande do Sul, as perspectivas também são positivas. Conforme o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado em 16 de outubro, a safra 2025 deve atingir 3,72 milhões de toneladas, um aumento de 3,63% em relação à previsão inicial.
As condições meteorológicas — com chuvas reduzidas, boa luminosidade e temperaturas amenas — favoreceram o enchimento e a maturação dos grãos, garantindo bom potencial produtivo e qualidade fitossanitária. A produtividade média subiu para 3.261 kg/ha, aumento de 8,81% em relação ao início do plantio e de 17,26% frente à safra anterior.
Embora ventos fortes tenham causado danos pontuais em algumas regiões, o estado fitossanitário das lavouras permanece satisfatório. A Emater destaca, porém, a atenção necessária à giberela, doença fúngica que preocupa especialmente as áreas de maior altitude e regiões em floração.
A colheita já começou em 2% das áreas cultivadas, sobretudo nas regiões Noroeste, Planalto e Fronteira Oeste, e deve avançar nas próximas semanas. No entanto, excesso de umidade em áreas da Campanha e Oeste pode causar atrasos localizados.
O levantamento da Emater também aponta queda de 1,9% no preço médio da saca de 60 kg, que passou de R$ 64,14 para R$ 62,92 na comparação semanal.
Com o bom desempenho das lavouras em São Paulo e Rio Grande do Sul e a conjuntura internacional favorável, o mercado de trigo brasileiro se fortalece. O cenário combina rentabilidade atrativa, melhor produtividade e crescimento da qualidade dos grãos, abrindo espaço para expansão da cultura no país e maior competitividade frente às importações.
Fonte: Portal do Agronegócio
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