Publicado em: 26/09/2025 às 11:10hs
As lavouras de trigo no Rio Grande do Sul seguem em evolução, mas a variabilidade climática impõe desafios ao campo. De acordo com a TF Agroeconômica, as chuvas volumosas registradas nos dias 20 e 21 de setembro geraram preocupação em relação à sanidade das plantas e ao risco de acamamento, principalmente em áreas em fase de floração e enchimento de grãos.
Atualmente, o estado apresenta heterogeneidade no cultivo: 35% das áreas estão em floração, 35% em enchimento de grãos, 25% em desenvolvimento vegetativo e 5% em maturação. Esse cenário levou os produtores a intensificarem o manejo fitossanitário.
O mercado de trigo permanece travado, com preços estáveis ou em leve queda. Negócios recentes no Rio Grande do Sul apontam lotes de trigo PH 78, FN 250 e Don a R$ 1.150 no interior, enquanto compradores oferecem R$ 1.100 — valor ainda não aceito pelos vendedores.
Para exportação, a cotação recuou para R$ 1.180, com possibilidade de entrega de trigo de ração com deságio de 20%. O volume exportado segue em torno de 60 mil toneladas. Já a chegada de 30 mil toneladas de trigo argentino ao porto de Rio Grande, prevista para 27 de setembro, deve reforçar a pressão sobre os preços, com valores próximos de US$ 261 a US$ 265 por tonelada.
Em Santa Catarina, a oferta continua restrita, sendo suprida principalmente por trigo gaúcho. Os preços pagos ao produtor variam conforme a região: Canoinhas (R$ 75,67/saca), Chapecó (R$ 66,00), Joaçaba (R$ 74,50), Rio do Sul (R$ 72,00), São Miguel do Oeste (R$ 76,00) e Xanxerê (R$ 74,00).
No Paraná, a valorização do dólar e a estabilidade do trigo argentino mantêm os preços internos elevados. Os moinhos trabalham com valores entre R$ 1.250 e R$ 1.300 CIF, com alguns negócios chegando a R$ 1.350. Apesar disso, a média de preços pagos ao produtor caiu 3,87%, para R$ 70,50/saca, enquanto o custo de produção foi atualizado para R$ 74,63. Isso representa prejuízo estimado de 5,53%, mesmo diante de oportunidades pontuais de lucro no mercado futuro.
Segundo a Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema), a colheita nacional de trigo avançava 13,8% até 13 de setembro. Em Goiás (95%), Minas Gerais (94%), Mato Grosso do Sul (82%) e São Paulo (20%) os trabalhos já estavam adiantados, enquanto o Paraná registrava 12%. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a colheita ainda não havia começado.
A Ceema destacou que, no Paraná, 41% da área já havia sido colhida até o início da semana de 23 de setembro. Já no Rio Grande do Sul, 22% das lavouras estavam em enchimento de grãos, contra 39% da média histórica. Em São Paulo, espera-se uma produção final de 350 mil toneladas, com produtividade de 4 mil quilos por hectare.
O Brasil importou 4,68 milhões de toneladas de trigo entre janeiro e agosto, sendo 3,66 milhões da Argentina — um aumento de 24% em relação ao ano anterior e o maior volume acumulado desde 2021.
A redução temporária do imposto de exportação argentino, de 9,5%, ampliou a competitividade do produto vizinho no mercado brasileiro. Mesmo com a retomada da taxa, o setor continua pressionado. No Paraná, por exemplo, os preços recuaram mais de 9% no mês, alcançando R$ 1.275 por tonelada, segundo o Cepea.
Fonte: Portal do Agronegócio
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