Publicado em: 16/09/2025 às 11:00hs
O mercado de trigo no Brasil enfrenta desvalorização dos preços diante do avanço da colheita da safra 2024/25, sobretudo no Paraná. De acordo com levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), vendedores têm se mostrado mais ativos no mercado spot, enquanto compradores seguem retraídos, abastecidos com trigo importado adquirido nos últimos meses.
A queda do dólar frente ao real também contribuiu para tornar o produto argentino mais competitivo, ampliando a pressão sobre o cereal nacional.
Dados do 12º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), apontam que a produção brasileira de trigo deve alcançar 7,53 milhões de toneladas, o menor patamar desde 2020. O volume representa queda de 4,5% em relação à safra de 2024 e recuo de 3,5% frente ao levantamento de agosto.
A redução está ligada principalmente à diminuição da área cultivada, que soma 2,45 milhões de hectares – queda de 19,9% em relação ao ciclo anterior. Apesar do leve aumento de 0,3% na produtividade média, estimada em 3,07 t/ha, o avanço não foi suficiente para compensar a retração da área plantada.
Do ponto de vista do desenvolvimento, quase metade das lavouras ainda está em fase vegetativa, especialmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Já no Paraná, a colheita foi iniciada, enquanto Goiás e Minas Gerais estão próximos de concluir os trabalhos. Em Mato Grosso do Sul, mais da metade da área já foi colhida.
No Sul do Brasil, a pressão do câmbio e a concorrência com o trigo argentino têm limitado a recuperação das cotações. Segundo análise da TF Agroeconômica, a exportação poderia ser uma alternativa para reduzir a oferta no mercado interno e sustentar os preços, mas os custos logísticos inviabilizam os embarques.
O trigo argentino ofertado para dezembro está em US$ 220 por tonelada, equivalente a cerca de R$ 60 por saca no interior do Rio Grande do Sul. Esse valor torna as exportações pouco atrativas e mantém os preços internos próximos de R$ 1.380 FOB para a safra velha, enquanto compradores ofertam R$ 1.250 para retirada em setembro e pagamento em outubro.
Em Santa Catarina, o mercado segue sem ofertas consistentes de trigo local, prevalecendo a presença do produto gaúcho. As indicações giram entre R$ 1.150 e R$ 1.200 por tonelada, mas sem registros relevantes de negócios.
Nos preços pagos diretamente ao produtor, houve variação regional: Canoinhas subiu para R$ 75,67/saca, Joaçaba manteve R$ 74,50/saca, e Xanxerê registrou queda para R$ 75,00/saca. Em outras regiões, como Chapecó, Rio do Sul e São Miguel do Oeste, as cotações seguem estáveis há semanas.
Além da pressão cambial, o Paraná enfrenta forte competição do trigo importado. Moinhos iniciaram a semana com indicações de R$ 1.350 CIF para o trigo local, mas os negócios continuam limitados. Em Ponta Grossa, compradores chegaram a oferecer R$ 1.400 CIF para entrega em outubro.
Na mesma região, circulam ofertas de trigo paraguaio e argentino entre US$ 250 e US$ 269 CIF, reforçando o cenário de concorrência acirrada e ampliando os desafios para os produtores brasileiros.
Fonte: Portal do Agronegócio
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