Publicado em: 06/01/2025 às 10:10hs
Os preços do trigo no Brasil encerraram 2024 com movimentos distintos entre os estados: alta no Paraná devido à quebra de safra, queda no Rio Grande do Sul graças ao aumento da produção, e volatilidade na média do Centro-Sul. Já em estados onde o clima adverso prejudicou a colheita, os preços dispararam.
Segundo Elcio Bento, analista da Safras & Mercado, a oferta interna no primeiro semestre de 2025 será composta majoritariamente pela safra de 2024. Além da produção doméstica, dois fatores influenciam os preços: os valores internacionais e a taxa de câmbio (R$/US$).
A safra atual, encerrando-se em julho de 2025, iniciou com estoques baixos (609 mil toneladas, queda de 1,08 milhão de toneladas em relação ao ciclo anterior) e registrou um recuo de 10,4% na produção nacional. A importação será o único componente da oferta com crescimento, estimado em 6,8 milhões de toneladas, mas insuficiente para evitar uma redução de 813 mil toneladas na disponibilidade total.
Para equilibrar os estoques reduzidos, será necessário um ajuste na demanda. Apesar da estabilidade no consumo geral, a moagem pode crescer 159 mil toneladas, com outros usos, como ração e sementes, aumentando 211 mil toneladas. Assim, a solução será a redução nas exportações, previstas para cair de 2,8 milhões para 1,2 milhão de toneladas.
O futuro da safra 2025 ainda é incerto, com o plantio iniciando em março e colheita a partir de julho no Cerrado e setembro no Sul. A competitividade com o milho e a evolução dos preços do trigo serão determinantes para a área plantada.
No cenário global, fatores como conflitos geopolíticos, restrições de exportação e variações climáticas influenciaram a oferta e os preços do trigo em 2024. Medidas como cotas de exportação pela Rússia e a redução da safra na União Europeia abriram espaço para outros fornecedores, enquanto estoques elevados nos EUA e aumento de produção no Cazaquistão e na Austrália equilibraram parcialmente o mercado.
No Brasil, os preços internos seguem de perto os movimentos globais devido à dependência de importações. A forte presença da Argentina como principal fornecedor pode mitigar parte da pressão de alta nos custos.
A taxa de câmbio é um elemento essencial na competitividade do trigo brasileiro, influenciando os custos de importação e a atratividade do produto nacional no mercado externo. A volatilidade cambial dificulta a previsibilidade de custos, levando agentes da cadeia produtiva a adotarem maior cautela nas negociações.
Para o período de entressafra, entre março e junho, a expectativa é de alta nas cotações, o que pode estimular o plantio da nova safra. Contudo, a intensidade desse movimento dependerá da interação entre os fatores globais e locais.
Fonte: Portal do Agronegócio
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