Publicado em: 12/12/2025 às 16:30hs
O mercado brasileiro de trigo encerrou a semana sob forte pressão de oferta, resultado do avanço da colheita, do elevado volume interno disponível e da concorrência externa, especialmente da Argentina.
Com compradores retraídos e produtores segurando as vendas, o setor registrou baixa liquidez e pouca movimentação comercial, em um cenário típico de fim de ano.
De acordo com Evandro Oliveira, analista da Safras & Mercado, o fluxo comercial segue travado, sem perspectiva de recuperação imediata. “O mercado teve liquidez extremamente reduzida, com compradores ausentes e produtores retendo vendas”, destacou.
A entrada simultânea do trigo do Paraná e do Rio Grande do Sul intensificou a pressão sobre os preços.
No Rio Grande do Sul, o mercado foi balizado pela paridade de exportação, com dificuldades de escoamento e necessidade de ajustes negativos para tornar os embarques viáveis diante da queda do dólar.
Já nas demais regiões, o avanço da colheita reduziu temporariamente a necessidade de importações, mas não eliminou o excesso de oferta no mercado doméstico.
As indicações FOB no Paraná permanecem entre R$ 1.170 e R$ 1.230 por tonelada, em um mercado sem vetores de reação no curto prazo, segundo o analista.
No cenário global, as negociações entre Rússia e Ucrânia voltaram a influenciar o comportamento dos preços.
Segundo Oliveira, um eventual acordo entre os dois países pode normalizar a logística no Mar Negro e aumentar a oferta mundial, o que adiciona um risco baixista estrutural às cotações internacionais no médio prazo.
No Brasil, a colheita, já próxima de 7 milhões de toneladas, e o bom padrão de qualidade dos grãos reforçam o ambiente de conforto na oferta interna.
Durante a semana, o mercado apresentou um descompasso regional mais evidente. O Paraná concentrou a maior pressão devido ao alto volume colhido e à chegada do trigo argentino, enquanto Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo mostraram alguma sustentação, embora o mercado de balcão tenha registrado quedas generalizadas.
Outro ponto de atenção é a deterioração das margens de produção.
Segundo Oliveira, os custos do setor aumentaram entre 30% e 60% nos últimos anos, comprimindo os ganhos dos produtores. “Mesmo em cenários de boa produtividade, a margem permanece apertada, o que aumenta o risco para as próximas decisões de plantio”, alertou.
As referências regionais seguiram sem tração.
No Rio Grande do Sul, o preço FOB permaneceu entre R$ 1.000 e R$ 1.020 por tonelada, enquanto o Paraná registrou negócios entre R$ 1.170 e R$ 1.180 por tonelada.
A oferta abundante, a demanda industrial já atendida e o ambiente externo incerto consolidaram um quadro de estabilidade a ligeira pressão, sem sinais de recuperação no curto prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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