Aveia, Trigo e Cevada

Mercado global de trigo enfrenta pressão com oferta da Rússia e resistência na América do Sul

Exportações da Rússia impulsionam oferta mundial, enquanto produtores da América do Sul mantêm resistência, pressionando negociações e cotações internacionais


Publicado em: 25/08/2025 às 19:20hs

Mercado global de trigo enfrenta pressão com oferta da Rússia e resistência na América do Sul
Foto: Embrapa

O mercado internacional de trigo segue pressionado por uma combinação de fatores que afetam os preços tanto no Brasil quanto no exterior. Enquanto a colheita robusta da Rússia amplia a oferta e reduz as cotações internacionais, países da América do Sul, como Argentina e Brasil, mostram resistência em aceitar valores mais baixos, sustentando parte da firmeza no mercado regional.

Oferta da Rússia derruba preços de exportação

Na última semana, os preços de exportação do trigo russo registraram queda, reflexo de um pico sazonal de oferta e da demanda mais lenta por parte dos importadores.

De acordo com a consultoria IKAR, o preço do trigo com 12,5% de proteína para entrega FOB em setembro fechou em US$ 235 por tonelada, recuo de US$ 3,50 em relação à semana anterior. A Sovecon estimou valores entre US$ 236 e US$ 239 por tonelada, também com queda de cerca de US$ 3.

As projeções de exportação foram revisadas para cima: a IKAR elevou a expectativa para 3,5 a 3,8 milhões de toneladas em agosto (ante 3,2 a 3,5 milhões previstas anteriormente), enquanto a Sovecon estima embarques de até 4 milhões de toneladas.

A Rússia já colheu mais de 85 milhões de toneladas de grãos, incluindo 64 milhões de toneladas de trigo. A meta oficial para 2025 é alcançar 135 milhões de toneladas de grãos.

Pressões externas e internas no Brasil

No Brasil, o mercado de trigo é influenciado por fatores distintos. De um lado, a desvalorização do dólar nos Estados Unidos e a menor oferta ucraniana contribuem para a pressão de alta nos preços. Por outro, o avanço das colheitas no Hemisfério Norte, a disponibilidade uruguaia e a expectativa de maior produção argentina limitam essa valorização.

Segundo a TF Agroeconômica, no cenário sul-americano, o mercado argentino resiste a negociar abaixo de US$ 193 por tonelada. No Brasil, estados produtores como Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina apresentam menor fluxo de vendas, o que ajuda a manter certa firmeza nos valores.

Quedas regionais e abastecimento dos moinhos

Apesar da resistência dos vendedores, os preços vêm recuando no mercado interno. Dados do Cepea mostram queda de 1,2% no Rio Grande do Sul e de 3,88% no Paraná, resultado da proximidade da colheita e da retração dos moinhos.

Analistas apontam que, no curto prazo, os moinhos estão relativamente bem abastecidos até outubro, o que tende a manter os preços estáveis, mesmo diante da pressão de alta momentânea vinda do cenário internacional.

Europa e Ucrânia também influenciam o cenário

Na Europa, o trigo apresentou perdas na Euronext, movimento que pode tornar o produto europeu mais competitivo no mercado internacional. Já na Ucrânia, a colheita avançou sobre 98% da área plantada, totalizando 21,01 milhões de toneladas, volume ligeiramente abaixo da previsão do USDA, de 22 milhões de toneladas.

Perspectivas para o mercado global de trigo

O cenário atual do trigo reflete um equilíbrio delicado entre oferta e demanda. A maior disponibilidade russa e a entrada das colheitas no Hemisfério Norte pressionam as cotações para baixo, enquanto a resistência de produtores argentinos e brasileiros, somada à menor oferta ucraniana, ajuda a limitar as quedas.

No médio prazo, o comportamento da demanda internacional e a evolução das colheitas no Brasil e na Argentina serão determinantes para definir os rumos dos preços.

Fonte: Portal do Agronegócio

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