Publicado em: 29/07/2025 às 11:08hs
O mercado de trigo nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná continua apresentando estabilidade, conforme análise da TF Agroeconômica. No Rio Grande do Sul, as chuvas recentes, com volumes entre 30 mm e 130 mm, não causaram danos às lavouras e reforçam o otimismo para a safra local. As negociações permanecem lentas, concentradas em volumes específicos para embarques em agosto e setembro. Os preços variam conforme a qualidade e a localização: trigos mais competitivos são negociados por até R$ 1.380,00 no interior, enquanto negócios pontuais giram em torno de R$ 1.300,00 para entregas próximas.
No segmento de exportação, cerca de 8 mil toneladas foram vendidas para embarque em dezembro a preços de aproximadamente R$ 1.300,00 por tonelada. Parte desses contratos prevê a entrega de trigo de qualidade inferior, voltado à ração, com um deságio de 20%. Os moinhos locais seguem com baixa moagem e margens reduzidas, o que limita a demanda até a chegada da nova safra.
Em Santa Catarina, o cenário também é de estabilidade. Os moinhos consomem seus estoques e realizam compras apenas para reposição, o que mantém os preços entre R$ 1.330,00 e R$ 1.360,00 (FOB), acrescidos de frete e ICMS. A presença do trigo gaúcho no mercado catarinense ainda exerce pressão sobre os valores locais. Os preços pagos aos agricultores variam entre R$ 70,00 e R$ 79,00 por saca, dependendo da região.
No Paraná, a valorização do dólar encareceu o trigo importado em R$ 10,00 por tonelada, com preços chegando a R$ 1.450,00 CIF para lotes de alta qualidade. Apesar disso, o mercado interno permanece pouco movimentado. A oferta local foi maior do que a esperada, mesmo diante de perdas previstas. Um novo carregamento de trigo importado deve chegar ao porto de Paranaguá, mantendo a pressão sobre os preços. As ofertas locais giram em torno de R$ 272,00 por saca, e os valores pagos aos produtores recuaram 0,16%, para R$ 77,07 por saca. Com a queda no custo de produção, a margem média de lucro dos produtores subiu para cerca de 5,7%.
Ainda não há indicativos precisos sobre o desempenho da nova safra. No entanto, há uma estimativa de redução de 20% nas vendas de sementes, reflexo direto da previsão da Conab, que aponta queda de 6,3% na produção do Rio Grande do Sul — apesar do aumento na área plantada.
De acordo com o Cepea, a semeadura do trigo no Brasil atingiu 96,9% da área prevista até o dia 19 de julho. Os trabalhos de campo estão praticamente encerrados em todo o país, com exceção do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A colheita já começou em Goiás e Minas Gerais.
Com produtores focados na finalização da semeadura e compradores priorizando negociações com o mercado externo, a liquidez no mercado spot nacional permanece baixa. Além disso, o recente recuo do dólar frente ao real contribuiu para a queda nos preços no mercado disponível.
Essa conjuntura reflete um momento de transição no setor tritícola brasileiro, com atenção voltada para a finalização da semeadura, expectativas moderadas para a nova safra e pouca movimentação comercial no curto prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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