Publicado em: 08/09/2025 às 11:40hs
O mercado do trigo segue pressionado tanto no cenário nacional quanto internacional, com quedas nos preços que oferecem oportunidades estratégicas para moinhos, mas impõem desafios aos produtores. A tendência de baixa deve permanecer até que o consumo global reduza os estoques, destacam especialistas.
Segundo a TF Agroeconômica, os preços do trigo permanecem pressionados devido à oferta abundante no Hemisfério Norte e à boa safra no Hemisfério Sul. A diminuição da demanda chinesa, a forte produção na Austrália e Argentina, além da retração nas exportações dos EUA, mantém a tendência de queda.
No Brasil, o início da colheita no Paraná e no Rio Grande do Sul reforça a pressão sobre os valores domésticos. Entre 8 e 14 de agosto, os preços no Rio Grande do Sul ficaram em R$ 70,00 por saco, e no Paraná, R$ 75,00, segundo a Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (Ceema).
O Cepea confirma a tendência: em agosto, os valores médios por tonelada apresentaram recuos em todas as regiões avaliadas. No Rio Grande do Sul, a média caiu 2% em relação a julho e 12,2% frente a agosto de 2024; no Paraná, houve queda de 2,9% no comparativo mensal e 9,4% no anual. Em São Paulo, a redução foi de 4,6% e 12,6%, e em Santa Catarina, de 0,6% e 7,6%, respectivamente.
Para os moinhos com capacidade de compra, o momento é considerado favorável para adquirir o trigo físico de forma escalonada, aproveitando a baixa antes de uma provável alta futura. Já os produtores que precisam de caixa imediato podem optar por vendas antecipadas, considerando que os preços no Brasil e na Argentina podem continuar caindo até dezembro.
Especialistas recomendam acompanhamento constante das cotações em Chicago e planejamento de compras graduais, mesmo para quem possui armazenamento limitado. A gestão estratégica nesse período pode garantir vantagens quando a entressafra do Hemisfério Norte reduzir a oferta global e impulsionar os preços.
O plantio no Rio Grande do Sul registrou redução de 9%, totalizando 1,2 milhão de hectares, impactado pelo alto custo de produção, incertezas climáticas e dificuldade de acesso a crédito. Na região de Passo Fundo, a Emater aponta que o investimento médio na lavoura é de R$ 4.000,00 por hectare, equivalente a mais de 60 sacos/ha, com potencial de produção entre 70 e 80 sacos/ha, dependendo do clima.
Os preços variam conforme a qualidade do grão: trigos com PH acima de 78 recebem valores de mercado entre R$ 69,00 e R$ 70,00 por saco, enquanto os abaixo de 75 podem ser vendidos por cerca de R$ 40,00, destinados à ração.
Uma novidade para 2025 é a possibilidade de destinar parte da produção à indústria de etanol. Em Passo Fundo, a fábrica da Be8 deve absorver grãos fora do padrão exigido pelos moinhos, com preços entre R$ 50,00 e R$ 60,00 para PH abaixo de 70.
Apesar dos desafios, o trigo mantém relevância no sistema produtivo brasileiro, contribuindo para a cobertura do solo, controle de plantas daninhas e preparação da terra para o cultivo de verão. Para moinhos e produtores com capacidade de planejamento e armazenamento, o cenário de baixa oferece oportunidade de se posicionar estrategicamente, aproveitando preços mais baixos antes da alta que pode ocorrer durante a entressafra global.
Fonte: Portal do Agronegócio
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