Publicado em: 10/09/2025 às 11:20hs
O mercado brasileiro de trigo permanece pressionado diante da proximidade da colheita e da postura cautelosa de compradores e moinhos. Segundo a TF Agroeconômica, os preços giram em torno de R$ 1.380 FOB para vendedores, enquanto compradores oferecem cerca de R$ 1.250, com negócios pontuais abaixo desse valor, especialmente no Paraná. Em Santa Catarina, o mercado praticamente parou, com moinhos se abastecendo de trigo gaúcho a R$ 1.300 FOB.
No Rio Grande do Sul, foram negociadas 60 mil toneladas para exportação, a R$ 1.225 posto sobre rodas em Rio Grande, com possibilidade de deságio de 20% para trigo de ração. Em algumas regiões catarinenses, os preços pagos ao produtor caíram, como em Canoinhas (R$ 75/saca) e Chapecó (R$ 72/saca), enquanto Xanxerê registrou leve alta, chegando a R$ 77/saca.
No Paraná, os preços da safra nova começam a se consolidar entre R$ 1.400 e R$ 1.450 FOB, mas negócios efetivos têm sido fechados a valores menores, especialmente no Sudoeste, ao redor de R$ 1.300. O trigo importado também subiu, acompanhando a valorização do dólar, com o argentino cotado a US$ 270 para setembro.
Segundo o Cepea, o ritmo das negociações de trigo em grão se manteve limitado em agosto devido a estoques cheios, expectativa de boa safra e pressão internacional. Com moinhos já abastecidos, vendedores focam no andamento das lavouras e início da colheita no Sul do país, aceitando preços menores para obter liquidez imediata.
No Paraná, a colheita começou no fim de agosto e alcançou 5% da área, com 80% das lavouras em boas condições. No Rio Grande do Sul, 82% das lavouras estavam em fase vegetativa no final do mês, com chuvas sem impacto relevante, embora haja atenção ao risco de fungos. A produtividade inicial é considerada positiva, mantendo perspectiva de safra favorável.
Os preços médios mensais recuaram em todas as praças acompanhadas pelo Cepea:
A Conab estima que a área plantada de trigo em 2025 será de 2,55 milhões de hectares, queda de 16,7% frente a 2024, mas com produtividade prevista de 3,07 t/ha, garantindo uma produção total de 7,81 milhões de toneladas, apenas 1% abaixo do ano anterior. A oferta interna, somada à importação, deve chegar a 15,39 milhões de toneladas, com consumo estimado de 11,83 milhões e exportações de 2,1 milhões de toneladas.
No mercado externo, a colheita nos EUA foi concluída e a da Argentina avança, com lavouras em boas condições. O USDA registrou queda nos preços internacionais em agosto: o Soft Red Winter caiu 5,8%, para US$ 186,96/t, e o Hard Winter recuou 2,7%, para US$ 185,50/t.
Os derivados de trigo também registraram redução de preços, com o farelo a granel caindo 1,3% e as farinhas entre 0,06% e 2,6%, dependendo da categoria. Em agosto, o Brasil importou 493,23 mil toneladas de trigo, 94,4% da Argentina, com preço médio de R$ 1.262,52/t. No acumulado do ano, as importações somam 4,68 milhões de toneladas, alta de 2,7% em relação a 2024.
Com moinhos abastecidos, expectativa de boa produtividade e cenário internacional pressionado, o mercado de trigo brasileiro deve manter tendência de acomodação nos preços no curto prazo. A atenção do setor agora se volta ao avanço da colheita e à evolução da demanda interna, fatores que definirão o comportamento do mercado nos próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio
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