Publicado em: 11/11/2025 às 11:00hs
O mercado interno de trigo no Sul do Brasil enfrenta um momento de cautela. No Rio Grande do Sul, o avanço da colheita mantém os preços em queda, enquanto no Paraná, o clima instável tem sustentado os valores na primeira semana de novembro.
Segundo pesquisadores do Cepea, os valores pagos aos produtores estão abaixo do preço mínimo da política de garantia do governo, o que abre espaço para intervenção federal. O preço mínimo da Conab para a saca de 60 kg é de R$ 78,51, enquanto em Passo Fundo (RS) a saca fechou a R$ 57,52 e no Oeste do Paraná a R$ 63,95, respectivamente 27% e 19% abaixo do mínimo.
O mercado de exportação segue muito lento, com compradores aguardando definições sobre novos leilões de compra. No Rio Grande do Sul, as chuvas previstas de até 150 mm podem comprometer o ritmo da colheita e a qualidade dos grãos.
De acordo com a TF Agroeconômica, entre 25% e 30% do trigo que chega ao porto de Rio Grande apresenta níveis de DON acima de 2 ppm, limitando negociações e pressionando preços. Apesar disso, há indicações de preços variando entre R$ 990 e R$ 1.030/tonelada no interior e R$ 1.080 a R$ 1.130 CIF para moinhos locais. Compradores de fora do estado oferecem até R$ 1.200 CIF no Paraná, para entrega em janeiro.
O line-up do porto de Rio Grande registrou 274,7 mil toneladas em embarques, sendo que 650 mil toneladas já foram comercializadas no estado: 110 mil destinadas a moinhos e 540 mil à exportação. Em Santa Catarina, o mercado continua lento, com poucas negociações e preços oferecidos entre R$ 1.080 FOB mais frete e R$ 1.250 CIF.
No Paraná, o tempo firme favorece o campo, mas novas chuvas devem atingir a região central nos próximos dias. A média de preços pagos aos produtores subiu ligeiramente para R$ 64,12 por saca, ainda abaixo do custo de produção, calculado em R$ 74,63 pelo Deral, representando prejuízo de cerca de 14%.
No mercado internacional, a Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) registrou alta para o trigo na última segunda-feira (10), sustentada pelo avanço de outras commodities e pelo otimismo com a normalização parcial do governo dos EUA, que já se estende por 40 dias.
O mercado reagiu também a sinais de demanda externa, com compras pontuais da China e aquisição de cerca de 500 mil toneladas por parte do Egito, para embarque entre dezembro e janeiro.
Os contratos de dezembro de 2025 fecharam a US$ 5,35 3/4 por bushel, alta de 1,51%, enquanto os contratos de março de 2026 encerraram a US$ 5,50 1/2, aumento de 1,52%.
Apesar do otimismo, os ganhos foram limitados pela percepção de ampla oferta global, com exportações russas em ritmo acelerado e o avanço das colheitas na Argentina e Austrália. O mercado aguarda agora o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 14.
Fonte: Portal do Agronegócio
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