Aveia, Trigo e Cevada

Mercado de trigo no Brasil segue com pouca liquidez diante de pressão externa e incertezas internas

Negociações lentas e compradores cautelosos


Publicado em: 21/11/2025 às 19:00hs

Mercado de trigo no Brasil segue com pouca liquidez diante de pressão externa e incertezas internas
Foto: Basf

O mercado brasileiro de trigo encerrou a semana em ritmo lento, marcado por baixa liquidez e poucos negócios efetivados. De acordo com o analista da Safras & Mercado, Elcio Bento, o cenário reflete uma postura mais defensiva dos compradores, influenciada pela ampla oferta global, pela entrada da nova safra nacional e por um câmbio mais favorável ao real, fatores que reduzem o interesse por novas aquisições.

Por outro lado, os vendedores se mantêm resistentes, amparados pela necessidade de importações previstas para a safra 2025/26 e pelas incertezas produtivas no Rio Grande do Sul e na Argentina, principais origens do cereal na região do Mercosul.

Cotações regionais variam entre Paraná e Rio Grande do Sul

Nas principais praças produtoras, o comportamento dos preços foi heterogêneo.

No Paraná, as indicações CIF para moinhos oscilaram entre R$ 1.200 e R$ 1.250 por tonelada, enquanto no Rio Grande do Sul, os negócios no interior variaram de R$ 1.000 a R$ 1.030 por tonelada.

Segundo Bento, “o mercado apresenta oferta reduzida e dificuldade crescente em encontrar trigo com força panificadora adequada”, o que limita o avanço das negociações.

As exportações seguem concentradas no Rio Grande do Sul, com 431,8 mil toneladas já programadas — tendo como principais destinos Bangladesh, Indonésia, Equador e Vietnã.

Importações argentinas pressionam o mercado interno

A paridade de importação continua sendo um dos principais fatores de pressão sobre o mercado doméstico.

O trigo argentino Hard chegou a registrar vantagem de até 20% sobre o produto nacional em algumas regiões brasileiras.

“Com a competitividade do trigo importado, a precificação doméstica tende a ficar travada, especialmente nas regiões onde a moagem depende do abastecimento externo”, explica Bento.

Essa diferença de preços tem limitado o poder de negociação dos produtores nacionais e reforçado o ritmo lento das operações internas.

Derivados apresentam comportamento misto

No mercado de derivados, o farelo de trigo registrou alta no Paraná, estabilidade no Rio Grande do Sul e em São Paulo, e queda quinzenal em Goiás.

A farinha de trigo manteve preços estáveis nas principais regiões, refletindo um equilíbrio entre oferta, demanda e custos operacionais.

Para Bento, o segmento segue condicionado à “logística apertada e à necessidade dos moinhos de manter o ritmo de produção”, o que reduz o espaço para reajustes mais amplos.

Câmbio e incertezas travam o ritmo do mercado

Mesmo com oscilações no dólar, o câmbio não tem sido suficiente para destravar o mercado de trigo.

“O trigo brasileiro está em compasso de espera. Há potencial de movimento, mas as incertezas sobre a safra e a política de comercialização ainda seguram os agentes”, resume o analista.

Com isso, o mercado segue atento ao andamento da colheita nacional, às condições climáticas no Sul do país e à evolução da oferta argentina, fatores que devem definir o rumo das cotações nas próximas semanas.

Fonte: Portal do Agronegócio

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