Publicado em: 18/04/2019 às 11:00hs
Peterson lidera uma delegação de produtores e comerciantes de trigo dos EUA que visitam moinhos brasileiros de trigo e processadores de alimentos esta semana, para avaliar o potencial de vendas para os próximos meses, quando a cota livre de tarifas para compras de fora do Mercosul for implementada.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou a cota livre de tarifas durante sua visita a Washington no mês passado. Ela também se aplica a outros fornecedores, como a Rússia.
Atualmente, qualquer venda de trigo dos EUA para o Brasil, um dos maiores importadores mundiais do cereal, está sujeita a uma tarifa de importação de 10 por cento, enquanto as vendas argentinas entram sem impostos, uma vez que o país integra o Mercosul.
“Isso faz a diferença. Dez por cento em uma commodity de 250 dólares por tonelada é um diferencial bastante significativo para os compradores”, disse Peterson à Reuters, na quarta-feira.
Os Estados Unidos são fornecedores de trigo ao Brasil de longa data. Costumavam vender quantidades muito grandes nos anos 60 e 70.
Naquela época, lembrou Peterson, o país sul-americano comprava tanto trigo duro (HRW, vermelho duro de inverno) que o produto era conhecido no mercado como “Brazil spec”.
Com a crescente produção da Argentina, associada à vantagem do Mercosul, o país vizinho ficou com o maior mercado.
Atualmente, os EUA fornecem cerca de 300 mil a 400 mil toneladas em um ano normal. Isso pode aumentar muito se a safra brasileira ou argentina tiver problemas.
O Brasil importa cerca de 6 milhões de toneladas de trigo por ano, aproximadamente metade do seu consumo. Apesar de ser uma potência agrícola, o país carece de áreas suficientes com o clima temperado ideal para o cultivo de trigo.
Peterson espera competição por essa cota livre de tarifas, particularmente da Rússia, que expandiu sua presença no mercado global de trigo nos últimos anos com o aumento da produção e os preços relativamente baixos.
Ele acha que o produto dos EUA, no entanto, tem vantagens tanto em logística quanto em qualidade.
“Os moinhos brasileiros estão acostumados com o nosso produto, sabem muito bem como trabalhar com suas especificações”, afirmou.
O Ministério da Economia do Brasil está finalizando a regulamentação sobre a cota. A Abitrigo, uma associação local de moinhos de trigo, espera que ela possa ser implementada em breve, para que os processadores brasileiros possam ter mais opções no mercado.
Fonte: Reuters
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