Publicado em: 12/11/2025 às 19:40hs
A safra de trigo de 2025 no Rio Grande do Sul tem enfrentado desafios climáticos significativos, com chuvas persistentes em outubro e o surgimento do fungo giberella em diversas lavouras. Apesar dos problemas, a estimativa de produção permanece em 3,7 milhões de toneladas, segundo avaliação feita durante reunião virtual da Câmara Setorial do Trigo, realizada nesta segunda-feira (10).
De acordo com o gestor da área de cultivos anuais da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri, a safra vinha apresentando bom desempenho até o início da primavera, mas o excesso de umidade acabou comprometendo parte da qualidade dos grãos. “O mês definidor, outubro, teve muitas chuvas, alterando o peso hectolitro (PH) do trigo e atrasando a colheita. Também houve ocorrência de giberella. Ainda temos expectativa de uma safra boa, mas com desempenhos variáveis conforme a região do estado”, destacou.
Atualmente, a colheita atinge cerca de 40% da área cultivada no estado. Rugeri alertou que o volume expressivo ainda a ser colhido aumenta os riscos de doenças de final de ciclo, especialmente sob condições de umidade elevada.
O assistente de operações da Conab, Matias José Führ, reforçou a percepção da Emater sobre a variabilidade das lavouras. Segundo ele, a produtividade tem oscilado entre 2 e 4 mil quilos por hectare, reflexo do nível tecnológico adotado por cada produtor.
“Muitas áreas foram implantadas com baixo padrão tecnológico, o que também deve influenciar na expectativa. Hoje, a estimativa oficial permanece próxima da inicial, de 3,2 mil quilos por hectare, com 1,15 milhão de hectares cultivados”, informou Führ.
Além dos desafios no campo, o mercado do trigo enfrenta forte desvalorização, o que tem desestimulado os produtores. Para amenizar a situação, o Governo Federal anunciou apoio ao escoamento e comercialização de até 148 mil toneladas de trigo do Rio Grande do Sul, por meio dos programas Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e Prêmio de Escoamento da Produção (PEP).
Apesar da iniciativa, o presidente da Fecoagro-RS, Paulo Pires, avaliou que o volume é insuficiente para equilibrar o mercado. “É uma ação importante, mas insignificante frente à produção do estado. Ela traz um balizador irreal para comercialização, deixando quem origina trigo numa saia muito justa”, criticou.
O diretor do Moinho Santa Maria, Tino Antoniazzi, acrescentou que a situação de preços baixos não é exclusiva do trigo. “O quadro geral não está bom, mas a venda é garantida. As exportações estão funcionando e o trigo já chegou ao fundo do poço no preço. A tendência é de melhora nas próximas semanas”, afirmou.
Como encaminhamento da reunião, a Câmara Setorial do Trigo decidiu solicitar ao Governo Federal um reforço nos recursos destinados à comercialização e um aumento no volume destinado ao Rio Grande do Sul nos leilões de Pepro e PEP. A proposta inclui o remanejamento de parte das cotas do Paraná, em razão da descapitalização dos produtores gaúchos, que enfrentam dificuldades para acessar crédito rural.
Participaram do encontro representantes de diversas instituições ligadas à cadeia do trigo, entre elas Apassul, Banrisul, Conab, Cotriel, Emater/RS-Ascar, Embrapa Trigo, Farsul, Fecoagro, IBGE, Moinho Estrela, Moinho Santa Maria, Motasa, Secretaria da Fazenda, Sicredi e Sinditrigo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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