Publicado em: 05/03/2024 às 19:20hs
A análise mensal da Consultoria Agro do Itaú BBA destaca as recentes mudanças no cenário internacional do trigo, evidenciando os ajustes da CONAB para a safra de 2024 e as oportunidades geradas pelo aumento dos custos dos fretes marítimos. A matéria explora os impactos dessas variáveis nos preços, na liquidez do mercado e nas perspectivas para o Brasil como um dos principais players do setor.
A última estimativa da CONAB para a safra de trigo de 2024 mantém a área estável em 3,47 milhões de hectares. No entanto, a grande novidade reside na correção positiva da produtividade, que se aproxima da média dos últimos anos, atingindo 2.934 kg/ha (47 sacas/ha). Esse ajuste representa um aumento significativo de 25,9% em relação à safra anterior, marcada por adversidades climáticas. A combinação de área estável e produtividade em alta sugere uma oferta potencial de 10,2 milhões de toneladas, representando um incremento de 25,9% em relação a 2023. Caso confirmado, esse resultado posicionaria o Brasil para alcançar a segunda maior safra de trigo de sua história, aliviando o balanço doméstico.
Os preços médios do trigo se mantiveram estáveis no Paraná, enquanto no Rio Grande do Sul, observou-se um ajuste positivo nos últimos 30 dias devido à agitação no mercado local, impulsionada por exportações que representam cerca de 75% do trigo exportado pelos portos gaúchos. No atacado da farinha de trigo, São Paulo registrou perda de força nos preços, com a farinha especial apresentando uma queda de 4,2% em janeiro em relação a dezembro de 2023. Apesar das quedas mais acentuadas no Paraná nos últimos meses, houve uma ligeira alta em janeiro.
O conflito no Mar Vermelho impactou os custos dos fretes marítimos, abrindo uma janela de oportunidade para o trigo sul-americano conquistar a atenção dos compradores asiáticos. Tanto a Argentina quanto o Brasil experimentaram exportações robustas em janeiro, marcando o melhor mês da história, com um aumento significativo de 82% em relação a janeiro de 2023. Essa tendência positiva, embora com preços 17% menores em USD, revela um potencial mercado aquecido, com Filipinas, Vietnã e Tailândia liderando as aquisições.
Em termos de importações, o volume em janeiro cresceu substancialmente, com aproximadamente 90% desse montante originado da Argentina, que atualmente oferece trigo de alta qualidade a preços mais acessíveis. Isso gera um desafio para os importadores locais, que podem enfrentar competição intensa e uma possível elevação na paridade de importação local.
A atualização do USDA sobre a oferta global do cereal, impulsionada pelo aumento argentino, contribui para a compreensão de um cenário global mais apertado. O consumo superando a produção reduz os estoques finais, adicionando pressão ao balanço global. No entanto, os preços em Chicago não responderam proporcionalmente, dada a situação mais confortável do milho como um substituto do trigo. O contexto internacional e as adaptações na produção nacional indicam um período dinâmico e promissor para o mercado de trigo em 2024.
Fonte: Portal do Agronegócio
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