Publicado em: 07/08/2025 às 18:40hs
A partir desta quarta-feira (6), entrou em vigor o decreto do governo dos Estados Unidos que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, incluindo o arroz beneficiado. A medida acende um alerta na cadeia produtiva nacional, especialmente no setor orizícola, e preocupa a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), que vê na decisão uma ameaça direta à competitividade do produto brasileiro em um dos seus principais mercados.
Atualmente, os EUA representam cerca de 13% do valor exportado de arroz branco beneficiado pelo Brasil — uma variedade de alto padrão e maior valor agregado. Entre 2021 e 2024, as exportações para o mercado norte-americano cresceram mais de 50%, considerando apenas o grão beneficiado.
Essa expansão é resultado de uma relação comercial construída com base em anos de investimento e ações de promoção internacional. A qualidade do arroz brasileiro ganhou reconhecimento entre consumidores nos Estados Unidos, que passaram a absorver volumes crescentes do produto.
Embora o arroz brasileiro tenha boa aceitação nos EUA, a parceria apresenta desequilíbrios. De um lado, os americanos têm facilidade em substituir o grão brasileiro por outros fornecedores. Por outro, o Brasil depende desse mercado como canal estratégico para escoar cerca de 10% do volume total de arroz beneficiado.
Esse percentual é considerado relevante para a sustentabilidade do setor, especialmente em um cenário de oferta e demanda ajustado no mercado interno. A nova tarifa, ao eliminar a competitividade do arroz nacional nos Estados Unidos, coloca esse equilíbrio em risco.
A imposição da tarifa compromete diretamente a rentabilidade da indústria orizícola brasileira. A estimativa é de que as perdas com a medida possam chegar a até US$ 25 milhões anuais, o que tende a afetar negativamente a viabilidade econômica do setor.
Além disso, um possível acúmulo de excedentes no mercado interno pode provocar queda nos preços pagos ao produtor e um desequilíbrio na cadeia produtiva, afetando toda a sustentabilidade do segmento.
Diante dos impactos causados pelo decreto norte-americano, a Abiarroz defende que o governo brasileiro atue com postura firme, porém cautelosa, buscando negociar a reversão da tarifa. A entidade destaca que é necessário considerar a vulnerabilidade do setor arrozeiro, que pode ser severamente afetado pela perda de um de seus principais destinos de exportação.
A associação reforça ainda seu compromisso com a manutenção do arroz brasileiro em mercados estratégicos, defendendo a competitividade e sustentabilidade da cadeia orizícola nacional diante dos desafios impostos pelo comércio internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias