Publicado em: 06/01/2025 às 11:20hs
O mercado de arroz em 2025 será caracterizado por uma oferta abundante e desafios significativos que exigem respostas estratégicas dos produtores. Segundo o analista e consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a produção brasileira deve ultrapassar 11,5 milhões de toneladas, com destaque para a região Sul, que se beneficiará de condições climáticas favoráveis, garantindo excelente qualidade do produto. "A produção na região arrozeira do Mercosul tem o potencial de superar 16 milhões de toneladas", acrescenta Oliveira.
A colheita começará na Fronteira Oeste em meados de fevereiro, com pico entre o final de março e início de abril. O processo industrial, por sua vez, exige períodos mínimos de até 15 dias, garantindo o melhor aproveitamento do produto.
De acordo com o consultor, a pressão sobre os preços será inevitável com o aumento significativo da oferta, especialmente no primeiro semestre de 2025. Os preços da saca de 50 quilos devem variar entre R$ 80,00 e R$ 90,00 no pico da colheita, valores que representam um “empate” para os produtores, considerando uma gestão eficiente de custos e a alta produtividade esperada. Oliveira destaca que este cenário poderá levar a um realinhamento de preços ao longo da cadeia produtiva, com o objetivo de equilibrar as margens e garantir a sustentabilidade do setor.
As exportações continuarão a ser um fator crucial para a definição dos preços, especialmente em um momento de demanda interna ainda enfraquecida. O dólar elevado, que se mantém acima de R$ 6,00, pode favorecer a competitividade do arroz brasileiro no mercado internacional, ampliando as oportunidades. No entanto, essa situação também trará maior concorrência, especialmente em mercados chave como o africano, que é grande consumidor de arroz quebrado. Oliveira ressalta a importância de atingir a meta de exportações de 2 milhões de toneladas (base casca), como ocorreu em temporadas anteriores, para evitar estoques excessivos para 2026.
O consumo interno, que já mostrou sinais de retração no segundo semestre de 2024, deve continuar fraco no início de 2025. No entanto, a redução nos preços ao consumidor e as estratégias de promoção da cultura do arroz, que já estão sendo trabalhadas por diversas entidades e empresas, poderão estimular uma recuperação gradual. O varejo desempenhará um papel fundamental, com marcas tradicionais tentando reconquistar o espaço perdido para as marcas mais acessíveis, que atendem a um público sensível a preços.
Entre as variáveis que merecem atenção, o câmbio continuará sendo determinante para a atratividade do arroz brasileiro no mercado externo. Além disso, a demanda global será influenciada por estoques internacionais, pela ampliação das exportações da Índia e pela recuperação da competitividade logística do Brasil frente aos Estados Unidos, que possuem custos logísticos em torno de US$ 100/tonelada, ou US$ 5,00/saca.
Para Evandro Oliveira, 2025 será um ano desafiador, mas também repleto de oportunidades. O sucesso do setor dependerá de uma gestão estratégica eficaz por parte dos produtores e demais agentes da cadeia produtiva. "Será necessário navegar em um mercado em constante transformação para assegurar a sustentabilidade de todos os envolvidos na cultura do arroz", conclui o consultor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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